terça-feira, 25 de junho de 2013

"UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA:CAPÍTULO 31:"

Com Isaura em solo europeu,o vosso pai,Seu Jocelino,como sempre fôra de praxe,sabe e sempre soube muito bem sobreviver,e a sustentar a mulher, Maria José,como mascate,vendendo mercadorias pelas ruas da Côrte do Rio de Janeiro.Como moram de favor na chácara de Henrique,recebem cartas com notícias de Isaura,provenientes de Portugal.
-Isaura está muitíssimo bem,lá!E as notícias não poderião ser das mais auspiciosas!-comemora,tomando um copo com água.-Logo,logo,ela estará me dando um neto,ou quem sabe uma neta!Maria José,Isaura está grávida!-a informa,sorridente e com lágrimas nos olhos.
No entanto,alguém ouve a conversa,atrás da porta entreaberta,do quarto da pensão em que estão Seu Jocelino e Maria José.Essa pessoa revela-se...
-Então ela "tá" em Portugal e "tá emprênhecida"...-diz a mulher.-"Nhô-nhô" precisa saber...-trama.
É assim que por obra desta mulher,uma escrava doméstica gananciosa,falsa e invejosa,Mirti,esta rouba a carta com o endereço de Isaura,em Portugal,após ter fingido-se de amiga de Seu Jocelino e Maria José,para entregá-la a Leoncio,que a contratou em segredo como espiã do casal na pensão que é de propriedade de Jataína,uma ex-prostituta e marafôna de luxo,já idosa,que foi quem contou ao crápula que eles estavam hospedados em sua casa.Assim deu algumas patacas para que Mirti,a mucama de Jataína, escutasse as conversas de ambos e o repassasse alguma informação importante em torno do paradeiro de Isaura.
Portanto,em troca de sua liberdade,Mirti vende a epístola roubada para Leoncio,comprando assim a sua carta de alforria,redigida e expedida pelas mãos de sua agora ex-proprietária,Jataína Gomes Bonifácio de Andrade.Após consumar a maldade,Mirti foge para a "Província do Amazonas",Manaus,para trabalhar como mucama especial da irmã de Jataína,a madame Clarisse Gomes Pontes Malcher,uma rica viúva de um riquíssimo "Barão da Borracha",Amazonense Pontes Malcher.
Quando se vê,Leoncio acompanhado da milícia portuguesa,prendem Isaura e Álvaro,em Portugal.Desta forma são levados de volta ao Brasil.Ao "Conde Della Torre",nada lhe afetará,pois como é muito rico,dispõe de imunidade,por ser nobre.Assim dá-se o término da terceira e,talvez,última fuga da escrava.
De volta à mortificadora realidade no Brasil,mais uma vez por força de seu poderio financeiro,Álvaro é solto por meio de um novo "Habeas-Corpus",impetrado pelo excelente advogado Castilhos França.Quanto que à Isaura,desta vez Leoncio aplica-lhe um outro castigo,não menos implacável:ela passa a viver como prisioneira em seu próprio quarto na casa-grande do engenho "Santa Genoveva",simplesmente acorrentada a uma pesadíssima bola de ferro.
-Crudelíssimo tú és Leoncio,aprisionando Isaura,como se Isaura fosse uma criminosa!Isto é torpe demais!-confessa-lhe sinhá Vera,sob afronta ao marido.
-Torpe é a petulância de Isaura,que já empreendeu três fugas consecutivas,uma atrás da outra,para afrontar-me,fazendo gastar-me patacas e réis,trazendo-me prejuízos abomináveis!-dá-lhe a resposta.-Mas darei um término definitivo à esta tormenta!Quem sabe com o "Vira-Mundo" Isaura aprenderá!-impõe com estas duras palavras o castigo da "Loura do Engenho".
-Porquê não é vós quem encontra-se prisioneiro a um pesado grilhão de ferro,ó pústula!...Por isto que estás a determinar!-continua a afrontá-lo.
-Então fique no lugar de Isaura,Vera e páre-me de me atormentar!-retira-se o crápula,batendo grosseiramente a porta.
Passam-se 24 horas.E uma nova personagem ultra-polêmica para esta época escravagista aporta em nossa história.É a viúva nova,afortunada e fogosa,a "Viscondessa de Alvirtre",Gilberta Antonieta de Algozôvar,que um ano após o casamento morreu de infarto.Eis a biografia dela:
"Portuguesa da fictícia "Província de Alvirtre",a Viscondessa,cujo nome completo é Gilberta Antonieta Algozôvar Di Escandinávia",após a viúvez,decide romper com o luto viajando para o Brasil,vindo em um navio negreiro abarrotado de escravos,brancos e morenos que em sua fazenda trabalharão-todos devidamente remunerados-e ao mesmo tempo trabalhando a peso do tronco e do chicote,pois resolve fixar morada em jurisdição brasileira.
A mão-de-obra de sua casa-grande é toda masculina,existindo só mucamos,cozinheiros ou escravos domésticos.
-Nao suporto mulheres!Porque nunca nenhuma simpatizou-me!-decreta.-São todas umas cobras que me vivem trocando de peles!-costuma generalizar,daí só preferir homens.
E é escandalosa.Costuma ír para a cama com os seus subalternos-os mais bonitos,escolhidos a dedo-os quais costuma alforriar.São os seus "ex-escravos amantes".
-Eu sempre fui tão ardorosa que matei o meu marido em nosso leito!Ele não conseguiu suportar tanto fogo em minhas entranhas!-confessa ao mucamo Julião,na cama,a morte do esposo,que teve um infarto enquanto com ela copulava,se relacionava."
Dá-se assim o breve resumo da biografia da "Vossa Viscondessa Despudorada",como ela mesma auto-define-se;
Dada as circunstâncias,Leoncio retira-se temporariamente da "Fazenda Santa Genoveva",índo para a sua casa,na Côrte.Sinhá Vera está a caminho para averiguá-lo.Até que ao dar umas baforadas em seu charuto,na janela,presencía uma cena,após descer as escadas e ficar baforando na calçada de sua casa.Simplesmente ao descer da carruagem,a "Viscondessa de Alvirtre" desmaia nos braços do vilão,que a leva carregada nos braços até o vosso quarto.Ela ao acordar,o beija à força,no momento em que Leoncio queria beijá-la desmaiada.Sinhá Vera os flagra,provocando uma grave altercação entre os presenciáveis.
-Quanto escândalo!O "Beijo da Traição" em minha própria cama!Em meus próprios aposentos!-e desfere um tapa em Leoncio,pára na sequência empurrar a Viscondessa da cama chão abaixo,dizendo-a:-Saía já daqui,sua rameira!-ataca-a,sedenta pelo ciúme.
-Rameira,não!Respeite-me,pois ostento o nobre título de "Viscondessa de Alvirtre",da "Côrte Portuguesa",sua baronesa imunda!-e também a desfere um tapa,no que sinhá Vera revida-a em seguida,xingando-a.
-Imunda é vós mercê,"Viscondessa da Safadeza"!...
Até que Leoncio ao tomar o lugar da mulher é quem acaba levando o tabefe.
-Párem com esta contenda,já!Eu vos ordeno!Por obséquio,sinhôra Viscondessa!Tome por retirar-se destes aposentos e ides para a vossa casa,como se não houvesse ocorrido nada,absolutamente nada...-Leoncio,a sugere.
-Tudo bem!Eu até que compreendo a fúria colossal de vossa mulher,porque se o meu marido fosse vivo e o houvesse flagrado beijando outra em nosso leito faria o mesmo!Dava-lhe na cara e fazia tudo o mais!...-confessa,retirando-se e abanando-se com o leque.
-Mil desculpas sinhôra Vera!-a pede,encarecidamente.
-Sim!Mas no próximo flagra meto-lhes o chicote em vossas caras!-diz,ela,corajosa,de cabeça erguida e nariz empinado,tanto quanto a outra.
-Dou-lhe razão,pois faria o mesmo dona baronesa!Mas tua ameaça não se fará necessária,pois asseguro-lhe com "Palavra de Quintão"(cria tal neologismo,cujo significado só ela sabe):isto não mais se repetirá!Mas antes de retirar-me,vós mercê e vosso marido,ainda não apresentaram-se...-os solicita com toda a diplomacia.
-Como vós preferir!Chamo-me Vera de Almeida,naturalizada aqui em "Campos dos Goytacazes"...Prazer...-dá-lhe a mão.
-E eu sinhôra Viscondessa,sou Leoncio Almeida Prado de Guaianazes!Tenha a nossa amizade ao vosso dispor...-apresenta-se o crápula,beijando-lhe uma das mãos,puxado pela calça,por Vera.
-Muito honrada estou,apesar das circunstâncias,perante vossas apresentações!E cá eu,a Viscondessa,chamo-me Gilberta Antonieta Algozôvar Di Escandinávia,e como sou recém-chegada na província,convido-lhe para o meu sarau de "Boas Chegadas",em meu engenho,a fazenda "Santa Sofia",lá em Campos.Portanto espero-lhes lá,amanhã, a partir das 19 horas.Por tudo minhas desculpas e meu muito obrigada!Passar-lhes bem!-retira-se,ela.
-Já sei que terei uma rival à minha altura...Baronesa Vera "Campos" de Almeida...-pensa a Viscondessa.

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