segunda-feira, 10 de junho de 2013

'UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA:CAPÍTULO 19"

É de manhã.Na cozinha da casa,na Côrte,Mãe Joana preparando o café,comenta com Isaura,com esta observando-a sentada diante da mesa.
-A praga voltou,Isaura!A praga,voltou!"Dus infernú" pra nossa paz "atasaná"!...-a comenta,enquanto coa o café.-Por isso Deus "ú livri" minha "fiá"!Que "essi hômin dú diabú" nao venha "ti fazê" nenhum mal!-e ouve-se o estrondoso barulho de um trovão,proveniente do Céu.
-"Avi-Maria",Cruz Santíssima!-faz o "Sinal-da-Cruz",junto com Isaura.-Mais "dú qui" Deus,ninguém!-completa Mãe Joana,gesticulando,olhando para o Céu.
Até que na "Fazenda Santa Elizabeth",Vera e Henrique,recebam uma carta.
-Obrigada Virgi Santa!-sinhá Vera pega a carta ofertada pela mucama,em cima de uma bandeja de prata.-É uma epístola expedida por nosso primo Edvaldo lá de Portugal,Henrique!...-comunica  ao irmão,sentada no sofá,com um leque na mão.-Ele há de adentrar território brasileiro daqui há um mês,avisa-nos...-o amostra a carta.
Um mês se passa.Nesse meio tempo Leoncio ausentou-se de sua casa,na Côrte,permanecendo no engenho,deitando-se com Rosa,todas as noites,em seus aposentos.Sinhá Estér e Isaura,em contrapartida,também resolveram ausentar-se da fazenda,como forma de castigo a ausência de Leoncio,para evitar sua figura.
-Confesso-lhe Isaura que mil vezes ele lá do que aqui para nos atormentar!...-a comenta Estér na mesa do almoço.
-Decerto é um ingrato,por desdenhar a própria mãe,privando-me da convivência familiar,como forma de me retalíar,por tê-lo esbofeteado!-detecta.-Mas foi preciso minha filha para defendê-la em sua honra!Ai deste mancebo que não venha respeitar-lhe!...
-Decerto,madrinha,ele não há de me molestar...-a garante Isaura,mal sabendo da teimosia do atrevido em lhe assedíar.
Até que falando do "inimigo" ele surja,portando um buquê de rosas amarelas,ofertando-a para a sua mãe,que o fala.
-Somente agora me apareces na Côrte,após um mês de abandono do lar,Leoncio...Tú não te concertas mesmo!Nem a Europa foi capaz de te educar!Muito menos anos de estudos!...-não deixa de ralhá-lo,após ter pego o bouquet de suas mãos,interrompendo a Leoncio.-Mas,sempre,há horas de redimir-se,não é meu filho?!Obviamente!Portanto,obrigada,e por gentileza tenha o meu perdão,mais um de inúmeros que já lhe ofertei!...-completa,Estér,propiciando ao filho um momento de diplomacia.
Leoncio entao ajoelha-se,prostrando-se diante da mãe,fingindo arrependimento,pedindo-lhe a benção.
-Mui obrigado minha mãe!Mui obrigado!Confesso-lhe que estou arrependido,daí estar bastante emocionado...Por isso peço-lhe a benção...-simula o crápula,forjando um choro.
-Eu falei-lhe Leoncio...Estás perdoado!E que Deus lhe abençõe!Que Nossa Senhora da Cabeça tire estas perversões de tua mente,respeitando a Isaura,do jeito que eu sempre exigirei de ti,e isto jamais poderá mudar!Portanto seja um bom filho que eu serei-lhe sempre uma boa mãe,menos inquisitiva e mais cordata!-é severa.-Então estás avisado:se mexeres com Isaura,estarás mexendo com a tua mãe,e se mexes comigo e com ela,não tenhas dúvida que vou novamente esbofetear-te!-o avisa.-Ou vós mercê espera que passe-lhe a mão na cabeça?!Perante atitudes impróprias,jamais!-concluí o seu severo discurso materno para com o filho.
-Eu prometo-lhe minha mãe,eu prometo-lhe...-finge Leoncio acatar as ordens de sua genitora,ajoelhado para forjar submissão e obediência,absolutas.-Agora com vossas licenças,estou cansado,vou descansar...-e retira-se para os seus aposentos,após levantar-se,diante de tal teatro.

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