É que como tem uma prima,a baronesa Cecília,que reside na Amazônia,foi até "Santa Maria de Belém do Grão-Pará",onde está,com o elucidativo propósito de visitá-la,e paralelamente a esta visita familiar,aproveitando para estar a negócios,ao fechar a compra de alguns búfalos na "Ilha de Cotijuba",que geograficamente fica próxima à capital paraense.Desta maneira,acaba de saír do "Grande Hotel",localizado no centro da capital provínciana do Pará, de onde releu o anúncio do jornal "Folha Fluminense",comprado no Rio de Janeiro, sobre a fuga de Isaura,é coerente repetir-se; Portanto na "Côrte de Belém ",em um concerto de uma orquestra sinfônica internacional que se realizará no "Theatro da Paz",na bilheteria,depara-se com a lindíssima Isaura,cujos cabelos encontram-se presos em um coque,o que de certa forma dificulta a sua identificação imediata, acompanhada do pai,Seu Jocelino.
-Eu acho que já vi esse belíssimo rosto em algum lugar,mas não lembro-me ao certo de onde...-balbucia o barão Paulo,em pensamento,extasiado,ficando por ela enfeitiçado.
Aliás,o reencontro da lembrança de sua memória com relaçao à escrava loura Isaura acaba acontecendo da seguinte forma:ao mesmo tempo,em sentidos opostos,Isaura desce sozinha os degraus da escada,e o barão Paulo a sobe,quando este,qual sua surpresa escandalosa,ao passar a mão no seu paletó,encontra no bolso esquerdo deste o recorte do jornal do anúncio em torno da captura de Isaura,sempre pôsto propositalmente na peça de seu vestuário,como se a anuncíada sempre o acompanhasse por todos os lugares.Ao mesmo tempo fica face-a-face com ela,a reconhecendo imediatamente,olhando-a pela fotografia publicada no jornal.
-Ó Céus!-exclama,com os olhos saltando-lhe o óculos.-Que destino inteligentíssimo!Então vim encontrá-la aqui a mais de 3.000 kilômetros de seu território de fuga!Esta(amostrá-lhe o anúncio com o vosso retrato do jornal) é a senhôrita,Dona Isaura,escrava fugida do senhor Leoncio,de Campos!-e guarda o pedaço de papel de volta ao bolso de seu paletó.-Mas como pôde do Rio de Janeiro parar até aqui no recôndito Estado do Pará?!-indaga-a,espantado.-A senhôrita está sendo capturada,agora!-e a pega firmemente pelos braços.
Isaura,extremamente assustada,o empurra,fazendo barão Paulo rolar escada abaixo e desmaiar.Isaura fica tão assustada que abandona o teatro correndo sem avisar ao pai,índo para o palecete.Isso após espertamente retirar o anúncio do jornal que ele havia colocado de volta no bolso de seu paletó,após imediatamente reconhecê-la.Só após alguns longos minutos,o barão venha a recobrar seus sentidos na "Santa Casa de Misericórdia do Pará",para onde foi levado.Informado pelo recepcionista que a filha foi embora,sem ninguém,no entanto,tê-la visto empurrando o barão da escada,Seu Jocelino acaba sabendo de tudo.
-Isaura!Sería inverossímil se esta história não saísse de teus honrosos lábios,minha filha!-fala-lhe,Seu Jocelino.
Assim extremamente apreensivos temem saír do palacete,pois a qualquer momento podem ser reconhecidos e recapturados,mesmo porque quando retorna ao Sudeste,Leoncio é pelo barão Paulo informado de que é na tão longínqua "Província Paraense" que Isaura encontra-se fugida com os "seus pais",guardando esta revelação para sí,estupefato,decidindo imediatamente viajar para lá,em segredo,a fim de num jornal local,em "A Província do Pará",o seu anúncio com o retrato falado de Isaura colocar.Só que ele não sabe que Isaura e a tia-madrasta,Maria José,só andam pelas ruas da Côrte de Belém com um véu lilás que ocultam-lhes as faces,sendo esta a nova moda entre as senhôras e senhôritas na cidade,para boa sorte de ambas,dificultando ao máximo o reconhecimento delas.Enquanto a Seu Jocelino restou-lhe raspar a cabeça,aderindo a óculos nos olhos.Porém sua natureza extremamente caseira o favorece.
Até que Isaura,acompanhada de Álvaro,cometa um ato.
-Vou confessar-lhe algo "mui" grave padre,que eu sei,tenho plena convicção,de que sob ordem divina o senhor não poderá o segredo de confissão quebrar!-e conta-lhe Isaura sua triste história no confessionário da lindíssima "Basílica de Nazaré".O padre "Paraense" é totalmente imparcial,opiniando-a.
-A sinhôrinha,nem nenhum ser vivente nesta Terra nasceram para serem escravos dos homens,que agindo dessa forma tão torpe e absurda tornaram-se escravos da ganância,e assim do diabo,cerceando a liberdade dos outros,ganhando dinheiro às custas dos infortúnios alheios!-é justíssimo.-Assim quem devería pagar muitíssimas penitências sería o seu algoz,e não vós mercê que não faz mal a ninguém,e somente está a fugir de uma grande maldade!-injeta em sua alma estas palavras tenuamente e imparcialmente sagazes.-Sendo assim vá em paz e com a mente extremamente tranquila de que levo o seu segredo para o Céu!-a tranquiliza,conclusivamente.
Isaura saí dali bastante emocionada,chorando diante de "Nossa Senhora de Nazaré",pedindo-a força e proteção.Começa a caír uma chuva torrencial sobre a cidade.
-Deus livre-me de tamanha maldade!-pediu Isaura diante da "Padroeira do Pará".
No outro dia,Isaura escrevera carta a Henrique,dando-lhe notícias pessoais de sua vida.Ele,por sua vez,repassara tais fatos à irmã,Vera,que por sua vez repassa as novidades à sogra e à mucama especial-ambas de inteira confiança.Num golpe de sorte,Rosa acaba escutando atrás da porta,sinhá Estér comentar com a nora,Vera,e Virgi Santa que Isaura deve estar muito feliz no "Palacete Bolonha",na "Província do Pará".Distraída,a escrava invejosa pisa no rabo da gata preta Mirica,que mia alto e arranha a perna esquerda de Rosa,que diz um "Ai" alto,e pára não ser flagrada,corre em disparada,esbarrando-se em Leoncio,que caminha no corredor em direção inversa,batendo de frente com ele.Estér,então,depressa,vai até os dois.
-Rosa,eu sei que tú pisastes no rabo da gata porque estavas escutando a conversa atrás da porta,sua mexeriqueira,de estirpe mais baixa!-a acusa,sua sinhá,na frente do filho,que carrega uma mala nas mãos.
-Pois sinhá está pensando errado!Eu não escutei nada!Eu estava atravessando o corredor para limpar "ús aposentú" quando eu pisei na gata,sinhá!Foi isto!-nega,veementemente,Rosa,dissimulada.
Estér fica em dúvida se ela estava mesmo atrás da porta,desistindo de acusá-la,perguntando ao filho para onde ele está indo.
-Vou para a "Província Paulista",mamãe,fechar uns negócios!Dê-me a sua benção materna!-a mente e a pede.-Deus lhe abençoe,meu filho!-o abençõa,ao mesmo tempo que o "Todo-Poderoso" ralha-o através de um trovão barulhento no Céu.
Quando se vê,antes de partir,Rosa escondida atrás da cortina,conta a Leoncio,sentado em seu gabinete,o que ouviu atrás da porta.
-Então é no "Palacete Bolonha",na "Província Paraense" em que Isaura está ocultada!Bem que eu poderia ter desconfiado!Que aquela condessa e madame de lupanar(referíndo-se à Simone Bertolli)estaría envolvida nisto!Pois o palacete pertence à própria!Já que ela mesma cedeu-me o espaço para hospedar-me nas pouquíssimas vezes que fui à "Santa Maria de Belém do Grão-Pará",quando estive presente a negócios!Maldita acôutadora!-e dá um murro na mesa,cerrando os dentes com ódio.-Ela há de me pagar!Mas quando eu voltar depois de a capturar!...
É tudo tão rápido que quando se vê Leoncio já atravessou a navio o país!Enquanto que em "Campos dos Goytacazes",Rosa fazendo cuz-cuz diga:
-"U nhô,nhô amanti" já "devi di tá" naquela província "di índio",pra "capturá" Isaura,aquela "perarta" safada...-comenta a invejosa,com olhos enviesados,enquanto rala o milho verde,utilizando o grande ralador, na cozinha,expondo sua tremenda ignorância geográfica em relaçao à "Província do Pará",achando que somente moram índios lá.
A escrava cozinheira Ieda Neuza adentra a cozinha trazendo na cabeça um cesto de palha cheio com abacates.
-Vixi,Rosa!Até agora nenhuma língua sabe por onde anda Isaura...-comenta.
-Xum!E tú "podi adivinhá" Ieda!...-a indaga,Rosa,com ironia.
-Não né sua gaiata!Se eu "pudesse adivinhá" eu era uma "nêga" cigana e não uma "iscrava"!"Tava girandú ú mundú" e não aqui "olhandú" pra tua cara!...-a responde,Ieda,malcriada,segurando o cesto com abacates.-Mas "cá pra nóis",Rosa,tú "sabi qui" eu sonhei esta "noiti"...-coloca o cesto ao centro da mesa,por cima desta,dando uma pausa,dirigindo-se à porta da cozinha,onde continua a sua fala.-..."qui" a Isaura "tava" era "num" palácio,recebida e tratada como uma princesa,com coroa,manto e tudo,"muitú filiz beijandú" seu "príncipi incantadú"!-a provoca.-Agora "morri di inveja"!Hum!-inventa,Ieda Neuza,só para provocá-la,retirando-se em seguida,dando uma sonora gargalhada,que ecoa pelos corredores da casa-grande e,quiçá,até "na senzala"...
-"Tá"!Princesa,eu sei!Só "si fô" da senzala!"Qui" é "issú qui mereci" aquela fugida da Isaura!...-comenta,invejosa,Rosa,pegando um abacate,fazendo um gesto que queria arremessá-lo em Ieda,comendo-o na sequência,dando-lhe uma dentada na casca.
Voltando ao cenário geográfico paraense e provínciano da Amazônia,muitos são os passeios de Isaura e Álvaro pela "Belle-Époque Amazônica",ou a "Paris dos Trópicos",conhecendo os mais bucólicos lugares na região Norte do Brasil.
-Cheguei Isaura para buscar-te,para finalmente seres minha,somente minha!E de mais ninguém!...-fechando os olhos,imagina instantaneamente e rapidamente possuí-la à força.-Seja como amante,seja como escrava!...-abre os olhos,ao desfazer a imaginaçao vil e tórrida.-Acabou a fuga!...-diz o sórdido Leoncio,fumando um charuto,segurando sua mala no alto do navio,no porto de Belém,ao mesmo tempo que o "Céu da Baía de Guajará" seja riscado por três raios.
Neste exato momento,Isaura,como que sentindo de longe as vibrações negativas da chegada de Leoncio na província para capturá-la,é pela mesma afetada,desmaiando nos braços do amado,Álvaro,caindo algumas folhas da árvore acima sobre o casal.
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