-Muito boa,Isaura!Poetisa do coração!Deus te deu mais este talento,como se não bastasse tanta beleza!És uma bem-aventurada!-a elogia,Mãe Joana.
-Eu sei Mãe Joana!Eu sei!Por isso todos os dias tenho que agradecer aos Céus!-a comenta,Isaura.
-Tá bom minha menina!Deixa eu agora "trabalhá" que o Comendador Almeida e a sinhá Estér podem "chegá" para o "jantá"...-retira-se Mãe Joana para a cozinha,após levantar-se do assoalho feito de madeira nobre-posição esta a qual estava posicionada enquanto estava ouvindo a declamação da poesia feita por Isaura.
Pois não Mãe Joana!Então se vá,porque já executei todas as minhas tarefas caseiras,e por isso apeteço-me agora a aprecíar a Lua,aliás depois de minha sessão de orações,as quais proferireí agora diante de meu oratório...-retira-se ela,que tem por hábito rezar todos os dias das 18 às 19 horas.
O tempo passa.Isaura está quase saíndo para o seu habitual passeio noturno,no jardim,quando Mãe Joana percebe que falta-lhe um acessório:o seu guarda-sol prata rendado.
-Ah,sim!Esqueci-me Mãe Joana!-percebe,ela.-Por isto peço-lhe um favor:ide até os meus aposentos e pegue-me o guarda-sol,que a esta hora servir-me-à como a um "guarda-Lua"...A senhora já sabe que isto já tornou-se um hábito para mim...-solicita-lhe,sempre humilde e simpática.
-Sim,menina!Vou pegar,mas é pra já,rápida como um raio!...-e dá um pulo Mãe Joana,saíndo correndo.
Até que pegando a sua sombrinha rendada,cor de prata,Isaura antes de cruzar a porta,sente-se como que paralisada,segurando o "guarda-Lua" para relembrar-se de algo...
-Por aqui,por esta porta Isaura,tú não deves entrar,nem em sonho,porque esta é a porta pela qual só os teus senhores devem adentrar!Por isso parta-te para a porta dos fundos,já!-humilhou-a certa vez o Comendador Almeida.
Isaura lagrima e cruza a porta,abrindo o seu "guarda-Lua",descendo as escadas,cabisbaixa.Colhe uma rosa no "Jardim Vermelho Senhorita",prendendo-a em sua orelha direita,enquanto assenta-se no assento de mármore carrara que há por de baixo do gazebo grande feito de porcelana portuguesa,cor amarela,ornado com pequenos vasos com flores e rosas das mais belas espécies e plantas trepadeiras entrelaçando-o por toda a vossa extensão.
Isaura fecha a sombrinha,a põe deitada sobre o chão de azulejos portugueses azuís,iniciando a sua contemplação para com a lua cheia no Céu estrelado.Sua música triste toca ao fundo.Ela pensa,indagando consigo própria.
-Oh meu Deus,quem poderá ter sido a minha mãe?!E o meu pai?!Será que os dois ainda estão neste mundo?!-dá-se o prosseguimento de suas indagações.-Diante deste contexto,meu Deus,quais as origens que o destino lhes concedeu?!Será que um dia haveremos de nos reencontrar?!Oh meu Pai,eu reencontrar-lhe-eis um dia?!Responda-me que estás aí olhando-me em minha aflição particular...-o roga,olhando para a Lua cheia reinando sobre o Céu estrelado.
-Oh,meu "Bom Jesus dos Aflitos",conceda-me esta graça,de um dia vir a saber do que foi feito de minha mãe e de meu pai,mostrando-me por onde andam estas pobres criaturas desencontradas...-suplica aos Céus,lagrimando ao clarão da Lua cheia,iluminando-lhe a face.
Até que ocorra um eclipse lunar,o mesmo que formou-se no dia da morte de sua mãe,sem saber,claro,deste fato.Isaura assusta-se de forma tão violenta que chega a desmaíar,pensando tratar-se do "fim do mundo",caíndo sobre a grama do "Jardim Vermelho Senhorita".Neste exato momento Comendador Almeida e sinhá Estér chegam na fazenda,provenientes da Côrte,de carruagem,vendo desta o desmaio de Isaura.Estér pede imediatamente para o cocheiro parar,correndo rapidamente ao encontro da especial afilhada,a fim de prestar-lhe socorro.
-Isaura!Isaura!Isaura!Ó Isaura!O que fôra Isaura?!Almeida,ajude-me aqui,Almeida,a carregar Isaura!-o pede,desesperada.
-Mas Estér!Ora,ora!É só uma escrava!Deixe-a aí e peça a mucama Joana que chame o jardineiro Alonso para que a carregue e a leve de preferência à senzala,que era o lugar onde Isaura devería morar e jamais saír de lá!-pega abruptamente o Comendador nos braços da esposa,ordenando-a que o obedeça com rigor,vociferando-a do alto da carruagem.
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