segunda-feira, 3 de junho de 2013

"Uma Outra Escrava Isaura":Capítulo 12:

-Subversiva!-dá-lhe um tapa,após correr em direçao à ela.-Como tú podes ír tão baixo,coordenando tuas idéias,à sorrelfa,às minhas costas Estér?!-brada,após a agressão.-Isto é repugnante demais,subversivo demais!Eu te repudio!Eu te repudio!-diz exatamente no momento em que ouvem-se estrondosos barulhos oriundos de uma sequência de 7 trovões,um atrás do outro,vindo dos Céus.
-É Deus Almeida!É Deus quem está te ralhando!Duramente te repreendendo por agredír a tua mulher,seu covarde!Homem rude e mesquinho!Tú não te acanhas disto?!-o repreende,apontando para o Céu.
-Quem deves estar sofrendo estes ralhos não serei eu,mas sereis tú por te comportares de maneira tão subversiva para com o teu marido,sua ingrata!-a devolve com outra repreensão..-Por isto digo-te uma coisa:Isaura pode até receber a carta de alforria das mãos do "Excelentíssimo Senhor Governador",mas em contrapartida comunico-te:ela ganha a liberdade,mas na mesma hora apartai-vos-vós do convívio desta vivenda,expulsando-as desta casa,a tú e a ela!Tú por teres escrito a carta e a ela por ter ganho a liberdade!-a informa de sua inquisitiva decisão.
-Pois que seja feita a vossa vontade meu marido!Vou embora-me daqui!Me auto-apartar,antes que tú me apartes daqui!Mas de uma coisa tenhas certeza:vou retirando-me feliz com a minha filha Isaura!Cansei de tanta repressão!Por isto partiremos as duas para a vivenda de meus pais!Pois saibas tú que eu tenho horror,eu sempre tive asco,a mais profunda abominação, desta tua mesquinhez em querer manter Isaura para sempre como a tua escrava!Mas eu vou mostrar para todos que eu jamais dependeria de ti neste quesito!Jamais!-jura.-Isto significa que a partír de agora por toda a minha vida,estou desvínculada das tuas ignorâncias,das tuas truculências,dos teus temores,dos teus dissabores e dos teus desamores!Isaura será livre,a partir de agora!-concluí o seu longo desabafo.
-Pois leves Isaura contigo!Eu permito!Mas não te esqueças que ela continuará sendo de minha propriedade,para sempre a minha escrava!-enfatiza.
-Para sempre, nunca!Pois Isaura será libertada!-o confronta.
-Para sempre sim Estér!Pois enquanto Isaura nao for libertada pela minha assinatura da caneta tinteiro no bendito documento da carta de alforria,ela continuará sendo a minha escrava!Nao te esqueças!-faz questão de rebatê-la,diante do atrevimento da mulher.
Enquanto altercam-se,nem imaginam que a própria Isaura escuta "tudo"(nao se sabe desde a que momento da discussão pôs-se a escutar),atrás da porta,chorosa e cabisbaixa.
-Que opróbrio meu Deus!Que opróbrio!...-lamenta-se.-Ambos estão altercando-se por minha causa...
                                          A altercaçao dá-se contínua no quarto.
-Pois assim que o queres,assim o será!Vá-te embora e sacies a fome de liberdade que tanto consome a ti e a Isaura!Mas se abandonas o lar,não voltes mais aqui a pisar!-aponta-lhe o dedo em riste sobre o rosto de Estér.-Depois não venha-me com queixumes,quando os ventos trazerem aos teus ouvidos que pus outra em teu lugar para ser a mais nova rainha de meu lar!-a ameaça.
-Que ponhas!Para mim pouco há de importar!Só espero que a sucessora de tua alcôva tenha a extrema paciência de suportar-te como eu o suportei,durante estes anos inteiros-o "joga no rosto".-Aliás Almeida suportar homem de tua marca é horrível para qualquer mulher!-e ajoelha-se.-Oh meu Deus esta não foi uma cruz,mas sim uma rocha que carreguei em minhas costas,que agora abandono ao léu,pois estou cansada de tanta infelicidade!-confessa-o,como que alíviada.
Agora levantando-se e olhando fixamente e corajosamente para a face do marido,o concluí.
-Portanto não tenhas dúvidas que saindo daqui é como se eu estivesse também obtendo a minha carta de alforria,a minha preciosa liberdade!...-roga apontando aos Céus,terminando por confessar assim a repugnância que Almeida com as suas grosseirices sempre a imputou.
-Muito bem,aplausos à "Vossa Senhoria",se o coração está assim sentenciando as vossas lamúrias para comigo!...-diz num misto de ironia e linguagem figurada,virando-se abruptamente de costas para ela,até que venha a virar-se rapidamente,voltando a ficar de frente para ela.-Então se a sentença do teu abandono já proferistes,deixe-me voltar a dormir por mais duas horas!...-estatualizando o olhar por alguns segundos em direçao ao rosto da mulher.-Mas digo-lhe em uma só nota:quando eu despertar,não quero tú mais nesta casa encontrar!Agora vá embora e páre com esta maçada!-a fala,empurrando-a em direção à porta do quarto,como que expulsando-a do mesmo.
-Certamente meu caro!-pára,bloqueiando momentaneamente o empurrão que Almeida estava a aplicá-la.-Nao precisa empurrar-me que eu mesma sei de minhas pernas!Assim eu mesma arrumarei os meus pertences em minha mala,e é pra já!-vai até o seu guarda-roupa e começa a guardar os seus pertences,enquanto Almeida deita-se na cama de costas para ela,com o rosto virado para a parede.Nao demorando a sinhá para Mãe Joana chamar,a fim de pedir o seu auxílio.
A estas alturas,antes que a madrinha abrisse a porta e a flagrasse escutando atrás da mesma tudo o que se se passara,Isaura mais-do-que-depressa,já regressara ao seu quarto.Ajoelhada sobre o seu oratório,com o terço nas mãos,ora fervorosamente diante da imagem de "Nossa Senhora de Nazaré".
-Oh "Virgem de Nazaré",mãe de "Vosso Filho Jesus",dai luz à madrinha!Iluminai os vossos caminhos,a vossa cabeça!Iluminai-a para que não cometa nenhum desatino!-a pede,às lágrimas.-Protegei sempre as suas tão nobres atitudes de coragem para com a minha pessoa,que sou só uma humilde escrava,desejosa de sua liberdade!Dá-lhe auspícios de boa sorte!Dá-lhe bençãos,sempre!Dai-a proteção!-roga em oração.
Como pedira a ajuda de Mãe Joana para que esta arrumasse as suas malas,sinhá Estér adentra os aposentos de Isaura.


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