sábado, 1 de junho de 2013

Uma Outra Escrava Isaura-Capítulo 02:

Isaura quando criança estava colhendo rosas no "Jardim Vermelho Senhorita"(cuja placa fincada na grama o intítula),quando o menino Leoncio surpreendeu-a por trás,aplicando-lhe uma vedação ocular,amarrando um lenço negro sobre os vossos olhos.
-Calma Isaura!Não tenhas medo!Não temas!Sou eu!O "inhôzinho" Leoncio,seu príncipe encantado!-disse-a no momento que a dava um bote como uma cobra maliciosa.
-Mas o que estás fazendo "inhôzinho"?!Por que os meus olhos vedastes?!-perguntou-lhe Isaura,assustada,querendo distanciar-se dele,extremamente sobressaltada.
-Pára que proves isto em teu paladar!...-e tascou-a um beijo roubado,ainda abraçando-a à força.
Nesse momento Isaura empurrou-o e ele caíu sobre a grama.Mostrando desde moleque seu péssimo carácter,decidiu vingar-se levantando-se e empurrando-a,após tê-la perseguido por corrida,fazendo-a caír,tomando-lhe o lenço negro de suas mãos,e apoíado sobre o corpo dela,amordaçou-a novamente com o lenço querendo dar-lhe novo beijo forçado.Eis que surgíu Mãe Joana dando-lhe um grito.
-Seu "mulequi"!Sua "pesti dú diachú"!Saí de cima de Isaura antes que eu mesma te pegue pelas "orelha" e faça "queixumí" pra tua mãe sinhá!...-foi grosseira e histérica.
Leoncio correu. Mãe Joana levou imediatamente Isaura para contar o ocorrido para sinhá Estér,que contou ao marido,Comendador Almeida Prado,que aplicou uma surra no filho,enchendo-lhe as palmas de suas mãos de pancadas,com a sua palmatória-a mesma que já usara diversas vezes para castigar os mais rebeldes dos escravos.Pára no terceiro dia,após essa "indecência" mandar-lhe para a Europa,mais precisamente enviando-o à Coimbra,cidade de Portugal.
Acabam-se as recordações.Uma borboleta voa perto de Isaura.
-Que linda  Mãe Joana!Que linda!-referíndo-se à borboleta,elogiando-a,sorrindo,após seriíssima recordação do passado.
-É boa sorte,fiá!É felicidade!-a revela Mãe Joana.
-Amém Mãe Joana!Amém!-faz o "Sinal-da-Cruz".
-E aí Isaurinha,antes da borboleta,lembrou né?!-a pergunta-afirmando Mãe Joana.
-Sim Mãe Joana!Lembrei-me perfeitamente desse dia,cuja lembrança ficou instalada para sempre em minha memória!-recorda-se Isaura,caíndo-lhe um par de lágrimas dos seus lindos olhos azuís,como os do pai,o caixeiro-viajante Seu Jocelino,que há 28 anos não vê a filha,desde que ela nasceu,fruto de seu amor com uma escrava indígena,comprada para servír de mucama à sinhá Estér,durante a viagem do Comendador  Almeida Prado pela "Província de Santa Maria de Belém do Grão-Pará",na Amazônia,de onde também trouxera oito lindos vasos marajoaras para ornamentar a sala.
A escrava era Jandaia,uma índia belíssima,beleza esta comparada à Iara,a sereia encantada das águas ou dos rios límpidos amazônicos,que literalmente encantou ao seu senhor,o "enfeitiçou",mesmo à sua "contra-vontade",pois odiou-o à primeira vista,ao contrário dele,que por ela ficara obsessivamente apaixonado,para má sorte da linda bugre do Norte,que recusando-se a deitar-se com o seu comprador,durante a longínqua viagem de navio,ele tentara estuprá-la,mas ela defendera-se com ares de selvagem,mordendo-lhe o braço!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário