sexta-feira, 5 de julho de 2013

"UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA"-CAPÍTULO 35:

Como não pode vitimizar Isaura aos vossos castigos,Leoncio os imputa ao pai da cativa,Seu Jocelino,e a "tia-madrasta" dela,Maria José,que no julgamento foram sentenciados a serem por Leoncio escravizados,trabalhando doze horas por dia no engenho,como cortadores de cana.Expostos a sol,frio e chuva.E sob a condição de assenzalados.
Furioso,Leoncio,o destino dos dois,implacavelmente decidiu,revelando a Rosa no gabinete.
-Eu já fechei o negócio!Vendi Jocelino e Maria José para outro barão,lá do Paraná!Amanhã ele virá os buscar!Separando-a dos pais é a melhor forma de castigar a petulância de Isaura,por ter evadido-se pela quinta vez da fazenda!Agora além de lutar pela própria liberdade,algo que enquanto for vivo nunca a vou dar,Isaura terá de arduamente batalhar pára poder aos pais,os reencontrar!Só assim,sob o meu jugo,com mãos-de-ferro,ela aprenderá a me respeitar!-fala o vilão,com ar ditatorial,como se fosse o "Hitler do século 19".
Até que alguém bata na porta.A mucama Ieda Neuza vai atender.É sinhá Altônia,acompanhada da irmã Adélia e da preceptora Glória.Vieram visitar a Leoncio,que prontamente avisado por Ieda comparece à sala,para certificar-se do que elas pretendem com esta visita.
-Boas-noites,sinhôritas!-as cumprimenta,levantando o chapéu,e com a outra segura o charuto.
-Boas noites senhor Leoncio!-desejam-lhe ao mesmo tempo as três.
-Que ventos trazem-nas aqui?Acaso vieram visitar-nos,a mim,a mamãe e ao papai?-indaga-lhes,Leoncio.
-Também...-retruca-lhe,Altônia.
-Sim!Se é também porque há outro motivo,decerto...-Leoncio,observa.
-Exatamente!Serei objetiva...Estamos aqui para visitá-los,mas também por outros dois motivos:primeiramente se vós mercê deixa-nos pernoitarmos em vossa fazenda,e o outro é se pode-nos fazer empréstimo de alguma mucama tua,para fazer vigilância de nossa casa,já que viajaremos à "Côrte Bahiana",para matarmos as saudades da terra e também para visitarmos o túmulo de minha genitora,sepultada em cemitério da Bahia...-explica-lhe Altônia em resposta.
-Afirmativo!Pedidos concedidos!Isto não me será difícil!Muito pelo contrário,mas queira eu a perguntar-lhes:por quanto tempo vós mercês irão ausentar-se?-aceita-lhes favorecer,e ao final,as indagar.
-Por algumas semanas...mais precisamente por três,aliás por quatro,o que equivalería a um mes...-responde-no agora Adélia.
-Sem mais delongas!Concordado!Amanhã à mesa do café,as comunicarei,quem a vossa casa vigiará!-depõe.-Por obséquio Rosa,levem-nas aos vossos aposentos!-a ordena.
-Sejam sempre muito bem-vindas e estejam sempre bem à vontade!A casa é vossa...Com licença,e que tenham boas-noites de repousos...-as deseja,sempre envolto em uma bruma de bastante educação para com elas.
-Vocês viram!Leoncio pode até ser terrível contra a escrava Isaura,mas conosco sempre comportou-se da forma mais formidável!Que educação esmerada!...-elogia-o,Glória.
-É concordável!Para Isaura ele deve ser como um demônio,mas para nós é como se fosse,e age como um anjo,e dos mais bondosos e educados!...-completa,Adélia.
As três então dormem juntas no mesmo aposento.Cada qual em uma cama no quarto de hóspedes.Até que algo estranho venha a acontecer,e a Leoncio favorecer...
Simplesmente Rosa flagra a "sinhá bastarda" perambulando pela sala,quando antes,dormindo ao lado do amante,ouviu o barulho de um vaso espatifar-se ao chão.Altônia que o esbarrou.É nesta oportunidade que chama Leoncio para observá-la.
-Se eu morresse hoje não sabería deste detalhe!Que Altônia,minha irmã bastarda,é sonâmbula!...-descobre,surpreso.-Perfeito!Isto deu-me uma idéia!Leve-a com delicadeza para o meu gabinete...-e assim,Rosa,o procede.
Ele a faz escrever uma carta sob estado de sonambulismo,ao ditá-la,para que a mesma seja destinada à sua amiga de Portugal,Adelaide,perguntando-a por escrito o paradeiro de Álvaro e Isaura,e cuja resposta guardará segredo ou sigilo absolutíssimo.
Como Altônia,a preceptora Glória e a irmã Adélia empreendem a viagem de regresso à Bahia,com fins saudosos e ou a fim de matar as saudades de vossa terra e fazer uma espécie de turismo póstumo,Leoncio empresta Rosa para tomar conta da vivenda delas na Côrte,durante a ausência das mesmas.É exatamente aí que acontece o golpe de misericórdia,resultante do plano mais-do-que-perfeito para a descoberta,já que é Rosa quem recebe a carta-resposta,advinda de Portugal e a entrega ao amante,que envolto sob uma "alegria" sombria,comemora.
-Empreender-se-à,"pôna" de minha alcôva,mais uma captura auspiciosa para com Isaura...que estará nesta gaiola como esta gata!...-e põe a felina Mirica engaiolada,após pegá-la,fazendo-a miar bastante,soltando-a em seguida.
Enquanto isto em solo espanhol,Isaura dá um novo espetáculo,ao tocar sua harpa,enquanto Doña Sol canta uma música,com as seguintes letras abaixo.
-Dominique!Nique!Nique!Sempre alegre esperando,alguém que possa amar!O seu príncipe encantado,seu eterno namorado,que não cansa de esperar!Dominique tem um sonho e alguém pode realizar!Há de vir um cavalheiro que a conduza para o altar!Dominique!Nique!Nique!Sempre triste a chorar o amor que se acabou!O seu príncipe encantado!Seu eterno namorado!Que se foi e não voltou!-encerrando rapidamente a canção,sob fortes aplausos,enquanto as cortinas fecham-se sobre elas.
E assim,ao mesmo tempo do espetáculo,entre ventos fortes e pesada tempestade,o navio-presídio ou a presiganga em que Leoncio está,desta vez acompanhado de Rosa,atravessam,sob estas turbulências,em alto-mar,rumo à nação espanhola,pára efetuar a quinta recaptura desta outra história criada para outra escrava Isaura.

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