UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA
terça-feira, 17 de outubro de 2017
segunda-feira, 14 de abril de 2014
terça-feira, 9 de julho de 2013
"UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA"-PARTE III-O FIM:
O tempo passa,como um grande relógio,cujos ponteiros encontram-se bastante acelerados...
Ieda Neuza testemunha,escondida atrás da parede,na cozinha, quando Rosa coloca a terrível dioxina em pó(pensando,Ieda,tratar-se de um veneno mortal) no prato de comida de Isaura.Ela ouve Rosa confessar.
-Não é pra "matá" e sim pra "deixá" ela horrorosa!-balbucia,maligna.-"Êssi" veneno é pra "deixá" o rosto de Isaura deformado!-repete.-Só desse jeito ela satisfaz a grande inveja que eu sempre tive dela,me deixando "filiz di sua disgrassa"!...-revela,a invejosa.
Assim que ela retira-se da cozinha para chamar Isaura para almoçar,Ieda Neuza,mais do que depressa troca os pratos de barro.Pensando que tudo vai dar certo,é Rosa quem acaba provando do próprio veneno,o "pó deformador de faces".O efeito é rápido:ela desmaia e cinco minutos depois assiste o estrago que a tal substância quimicamente perniciosa provocou em seu rosto,em um espelho que a própria Ieda lhe entrega.
-Bem feito,"mardita"!Fui eu quem troquei "ús pratú"!Tú "quiria invenená" e "istragá" o rosto da Isaura,mas eu quem te envenenei,pra "aprendê" a não "fazê" mais "mardadis"!...-a revela,Ieda Neuza,tripudiando-a.
Rosa dá um grito furiosa,quebra o espelho,jogando-o contra a parede,pega uma faca,querendo enfiá-la em Ieda,que com um chicote a desarma,chibatando-a no braço.Isaura fica horrorizada.
-Como tua inveja é má,Rosa!Eu já a tinha perdoado e nem contentou-se em manter-se como uma escrava doméstica!Ainda queria prejudicar-me,mas eu lhe perdôo mil vezes,se assim o precisar!Porém com uma cobra não posso morar!Vá embora daqui!Já!-a expulsa, Isaura,junto a Álvaro,que acaba de chegar.
-Eu mi "vô" mesmo!Mas um dia eu hei de ver a "disgrassa" de todo mundo dessa casa!-roga praga.
-Eu não tenho medo!Praga nenhuma cairá em nossa tenda,pois 1.000 cairão à minha direita e dez mil à minha esquerda,e nós não seremos atingidos,nunca em nome de Deus,jamais,em nome também de vosso "Filho Nosso Senhor Jesus Cristo"!-rebate,fervorosa,Isaura,fazendo o "Sinal-da-Santa-Cruz",após ajoelhar-se e elevar as mãos aos "Céus".
-Isso,Isaura!A inveja dela está desconjurada e crucificada!-diz Ieda,agora com um crucifixo nas mãos,após pegá-lo da parede,onde estava pendurado.
-Agora Rosa,a feiúra da tua inveja mora na vossa própria face!Como é horrorosa!A vossa inveja e a dona dela!Agora companheiras para sempre!Só fez plantar o mal!Colheu o mal!Eis o resultado!...-completa sinhá Estér.
-Isso!A inveja é tão horrível quanto a vossa cara!Muito bem feito!Toma-te!-tripudía,sinhá Vera.
Assim Rosa vai embora,chorando de ódio,cobrindo o rosto monstruoso com um véu negro dado-lhe por Mãe Joana,mas antes dá meia-volta e ataca Isaura querendo estrangulá-la.Álvaro salva-lhe das garras da maléfica escrava,a amarra e a manda para a prisão.Assim termina horrível na cadeia.
Agora só é festejos.Pois todos,exceto os vilões,que foram duramente castigados,comemoram a felicidade coletiva em um grande baile na fazenda "Santa Genoveva",onde todos os escravos foram libertados e agora são remunerados pelo trabalho com carga horária de 6 horas por dia.Ao contrário quando eram escravos e eram obrigados a trabalhar 16 horas por dia na lavoura açúcareira.
E assim,portanto,na "Fazenda Santa Genoveva",que por presente de Álvaro,voltou a ser do Comendador Almeida e sinhá Estér,verifica-se a conclusão dos destinos das personagens,supra-citados abaixo:
Sinhá Vera aparece grávida do novo marido,o Conde Della Torre,de Portugal.Gozam de felicidade o casal.Virgi Santa,sua mucama especial,também está grávida do alforriado escravo André.Ganharam uma chácara rural da bondosa sinhá Vera.Seu Jocelino e Maria José aparecem com a recém-nascida,Eminha,que mama no peito da mãe.É a irmãzinha de Isaura.Henrique com a esposa,sinhá Altônia,a irmã bastarda de Leoncio.Ela também está gestante.A sua amiga,a portuguesa Adelaide também aparece grávida e casada com Von Giuseppe,um barão italiano do vinho.E claro,o pai e a madrasta de Álvaro,respectivamente,Ary e Iñes,que surge trazendo ao colo e amamentando o primeiro filho do marido,o pequeno Ernestito,o irmãozinho de Álvaro.Mãe Joana segura Eminha e o pequeno Tobias,e Ieda Neuza,Ernestito,enquanto a todos os casais dançam a "Valsa Vienense".
É outro dia.Isaura e Álvaro descem de uma carruagem.Ela com os olhos vendados por um lenço verde.Desvendando-lhe vossos olhos propicia-lhe a visão magnífica,deixando Isaura maravilhada.
-Minha Nossa Senhora das Belezas!Quão lindo meu amor!É um "Barco de Mármore"!...-revela o teor do presente,após suspirar diante de tanta beleza arquitetônica.
-Uma obra pequenissimamente faraônica,que eu mandei construír para ti,vós mercê,tú,você minha Isaura,amada idolatrada!-a diz,ofertando-a euforicamente romântico Álvaro,o "Barco de Mármore",literalmente erguido no "Jardim Vermelho Senhorita",de vossa "Casa-Grande",na Côrte.
Isaura agradece-o,com um forte abraço,até que para sua surpresa,Álvaro carregue-a nos braços,levando-a para cima do "Barco de Mármore" e neste Isaura tampar-lhe delicadamente os lábios do amado,com uma das mãos,quando ambos irião falar juntos,bloqueiando-o para então pronunciá-lo estas lindas e inspiradas palavras,belissimamente mencionadas abaixo:
-Amar é perdoar,se inspirar e mergulhar na alma do outro,sob a mais profunda simplicidade!-revela-o,sob a mais linda confissão,fixamente ao seu olhar.
-Eu te amo!-confessam-se ao mesmo tempo,quando Isaura tira a mão dos lábios do amado,finalizando esta história com um belíssimo beijo e bastante poético,selando-a com um tradicional final feliz.
"FIM"
Ieda Neuza testemunha,escondida atrás da parede,na cozinha, quando Rosa coloca a terrível dioxina em pó(pensando,Ieda,tratar-se de um veneno mortal) no prato de comida de Isaura.Ela ouve Rosa confessar.
-Não é pra "matá" e sim pra "deixá" ela horrorosa!-balbucia,maligna.-"Êssi" veneno é pra "deixá" o rosto de Isaura deformado!-repete.-Só desse jeito ela satisfaz a grande inveja que eu sempre tive dela,me deixando "filiz di sua disgrassa"!...-revela,a invejosa.
Assim que ela retira-se da cozinha para chamar Isaura para almoçar,Ieda Neuza,mais do que depressa troca os pratos de barro.Pensando que tudo vai dar certo,é Rosa quem acaba provando do próprio veneno,o "pó deformador de faces".O efeito é rápido:ela desmaia e cinco minutos depois assiste o estrago que a tal substância quimicamente perniciosa provocou em seu rosto,em um espelho que a própria Ieda lhe entrega.
-Bem feito,"mardita"!Fui eu quem troquei "ús pratú"!Tú "quiria invenená" e "istragá" o rosto da Isaura,mas eu quem te envenenei,pra "aprendê" a não "fazê" mais "mardadis"!...-a revela,Ieda Neuza,tripudiando-a.
Rosa dá um grito furiosa,quebra o espelho,jogando-o contra a parede,pega uma faca,querendo enfiá-la em Ieda,que com um chicote a desarma,chibatando-a no braço.Isaura fica horrorizada.
-Como tua inveja é má,Rosa!Eu já a tinha perdoado e nem contentou-se em manter-se como uma escrava doméstica!Ainda queria prejudicar-me,mas eu lhe perdôo mil vezes,se assim o precisar!Porém com uma cobra não posso morar!Vá embora daqui!Já!-a expulsa, Isaura,junto a Álvaro,que acaba de chegar.
-Eu mi "vô" mesmo!Mas um dia eu hei de ver a "disgrassa" de todo mundo dessa casa!-roga praga.
-Eu não tenho medo!Praga nenhuma cairá em nossa tenda,pois 1.000 cairão à minha direita e dez mil à minha esquerda,e nós não seremos atingidos,nunca em nome de Deus,jamais,em nome também de vosso "Filho Nosso Senhor Jesus Cristo"!-rebate,fervorosa,Isaura,fazendo o "Sinal-da-Santa-Cruz",após ajoelhar-se e elevar as mãos aos "Céus".
-Isso,Isaura!A inveja dela está desconjurada e crucificada!-diz Ieda,agora com um crucifixo nas mãos,após pegá-lo da parede,onde estava pendurado.
-Agora Rosa,a feiúra da tua inveja mora na vossa própria face!Como é horrorosa!A vossa inveja e a dona dela!Agora companheiras para sempre!Só fez plantar o mal!Colheu o mal!Eis o resultado!...-completa sinhá Estér.
-Isso!A inveja é tão horrível quanto a vossa cara!Muito bem feito!Toma-te!-tripudía,sinhá Vera.
Assim Rosa vai embora,chorando de ódio,cobrindo o rosto monstruoso com um véu negro dado-lhe por Mãe Joana,mas antes dá meia-volta e ataca Isaura querendo estrangulá-la.Álvaro salva-lhe das garras da maléfica escrava,a amarra e a manda para a prisão.Assim termina horrível na cadeia.
Agora só é festejos.Pois todos,exceto os vilões,que foram duramente castigados,comemoram a felicidade coletiva em um grande baile na fazenda "Santa Genoveva",onde todos os escravos foram libertados e agora são remunerados pelo trabalho com carga horária de 6 horas por dia.Ao contrário quando eram escravos e eram obrigados a trabalhar 16 horas por dia na lavoura açúcareira.
E assim,portanto,na "Fazenda Santa Genoveva",que por presente de Álvaro,voltou a ser do Comendador Almeida e sinhá Estér,verifica-se a conclusão dos destinos das personagens,supra-citados abaixo:
Sinhá Vera aparece grávida do novo marido,o Conde Della Torre,de Portugal.Gozam de felicidade o casal.Virgi Santa,sua mucama especial,também está grávida do alforriado escravo André.Ganharam uma chácara rural da bondosa sinhá Vera.Seu Jocelino e Maria José aparecem com a recém-nascida,Eminha,que mama no peito da mãe.É a irmãzinha de Isaura.Henrique com a esposa,sinhá Altônia,a irmã bastarda de Leoncio.Ela também está gestante.A sua amiga,a portuguesa Adelaide também aparece grávida e casada com Von Giuseppe,um barão italiano do vinho.E claro,o pai e a madrasta de Álvaro,respectivamente,Ary e Iñes,que surge trazendo ao colo e amamentando o primeiro filho do marido,o pequeno Ernestito,o irmãozinho de Álvaro.Mãe Joana segura Eminha e o pequeno Tobias,e Ieda Neuza,Ernestito,enquanto a todos os casais dançam a "Valsa Vienense".
É outro dia.Isaura e Álvaro descem de uma carruagem.Ela com os olhos vendados por um lenço verde.Desvendando-lhe vossos olhos propicia-lhe a visão magnífica,deixando Isaura maravilhada.
-Minha Nossa Senhora das Belezas!Quão lindo meu amor!É um "Barco de Mármore"!...-revela o teor do presente,após suspirar diante de tanta beleza arquitetônica.
-Uma obra pequenissimamente faraônica,que eu mandei construír para ti,vós mercê,tú,você minha Isaura,amada idolatrada!-a diz,ofertando-a euforicamente romântico Álvaro,o "Barco de Mármore",literalmente erguido no "Jardim Vermelho Senhorita",de vossa "Casa-Grande",na Côrte.
Isaura agradece-o,com um forte abraço,até que para sua surpresa,Álvaro carregue-a nos braços,levando-a para cima do "Barco de Mármore" e neste Isaura tampar-lhe delicadamente os lábios do amado,com uma das mãos,quando ambos irião falar juntos,bloqueiando-o para então pronunciá-lo estas lindas e inspiradas palavras,belissimamente mencionadas abaixo:
-Amar é perdoar,se inspirar e mergulhar na alma do outro,sob a mais profunda simplicidade!-revela-o,sob a mais linda confissão,fixamente ao seu olhar.
-Eu te amo!-confessam-se ao mesmo tempo,quando Isaura tira a mão dos lábios do amado,finalizando esta história com um belíssimo beijo e bastante poético,selando-a com um tradicional final feliz.
"FIM"
domingo, 7 de julho de 2013
"UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA"-O GRANDE FINAL-PARTE II:
Até que na sequência do estrondo de um trovão,aconteça o inesperado...
-Ai!Ai!Ai!Ai!Meu Deus!Está chegando!Eu não estou aguentando!...-grita Isaura,desesperada enquanto passa as mãos no ventre.-Segurem-me, por favor!-suplica,Isaura,pegando em sua barriga,completando folhetinescamente o espetáculo,sendo acometida pelas dores do parto.
Álvaro e Virgi Santa correm para acudí-la.
Colocam-na sobre o tapete,sob o assoalho,no meio da sala.Ali todos os convidados podem ver ao vivo Isaura entrando em trabalho de parto,auxiliada por Mãe Joana,que mostra habilidade como parteira,enquanto ao mesmo tempo segura firmemente nas mãos do amado Álvaro.
Enquanto faz muita força para dar à luz,começa a caír uma chuva torrencial sobre "Campos dos Goytacazes",ao mesmo tempo que,paralelamente,sinta-se olfativamente um fortíssimo odor suavicíssimo de rosas sendo injetado e invadindo agradabilissimamente por entre os ares da cidade.Até que após muitas contrações,no mesmo momento em que a chuva cessa,vê-se a lua cheia sendo descoberta por uma grande nuvem negra,saíndo e reinando absoluta "Nos Céus",parindo em definitivo,Isaura,na Terra.
-Nascera!Nascera!Sob os maiores auspícios desta vida,eclodindo no maior espetáculo de todas as visões e satisfações!É meu filho!-chora,eufórico,Álvaro,segurando o recém-nascido aos berros nos braços,com Isaura olhando-o,chorosa,e como num encerramento de um grande espetáculo da vida real,são euforicamente aplaudidos por todos os convidados.
-Chamar-se-à Tobias...Tobias...-decide Isaura,pegando-o nos braços,enquanto lança-lhe o olhar materno.
Enquanto isto Leoncio é lançado no manicômio.
Enlouquecido,começa a ter visões irreais,sintomáticas de vossa demência.
-Receba-me Isaura,em tua alcôva,que dou-te todo o meu reinado!E assim podes transformar-me em teu escravo!O teu mais humilde escravo!-abre os braços,assim que desce da carruagem,o põem na camisa-de-força,ajoelhando-se em frente ao portão principal,como se estivesse dirigindo-se à Isaura,tendo-a em sua visão.
-Larguem-me seus condenados!Pústulas desprezíveis!Isaura!Minha rainha!Salve-me destes abutres!Decapite-os!Mande-os para a guilhotina!Ou crive vossos corpos com punhaladas!-vocifera,enquanto levam-no para uma cela do manicômio judiciário,agora passando a xingá-la.
-Isaura!Sua desgraçada!Já não é mais a minha rainha!Estás destronada!Do meu coração estás destronada!Guardas,prendam-na,na masmôrra!No calabouço!Porém não privem-na de alimentar-se e beber bastante água!Para que volte a ser a minha escrava!-pronuncía tais palavras desconexas,
comumentes a um louco perverso,obcecado pelos desejos mais obsessivamente vis deste mundo,vítima dos próprios intentos perniciosos.
Ele dá continuidade às suas desconexidades,que apesar de serem provenientes do seu distúrbio mental,não deixam,óbvio,de imprimír genialidade,visto que completa o nosso espetáculo de palavras.
-...cuja socapa um véu que encobria-lhe a face!Da próxima tú já sabes!Venderei vós mercê para o capitão-do-mato mais asselvajado destes lados:Donato!Eu estou tão fulgurado que se colocasse minhas mãos em Isaura,a daría muitas chibatadas!Deixem-me chicotear Isaura!Não!Sería muito mais fácil pedir-me para chicotear vós mercê!...Caro Álvaro,és acima de tudo um paradoxal assumidíssimo diante de todo este mar de escravismos!Elogia-o!Um pústula maligno,decerto,para todos os que representam esta sociedade escravocrata!-prossegue,Leoncio,falar a só,sintoma de seu transtorno mental.
Novo terremoto acontece na história,e desaba o manicômio judiciário,na Côrte,matando a todos ou loucos presidiários.Leoncio agora é somente um cadáver em meio aos escombros...Eis o seu trágico final.
Como o abalo sísmico só atingiu a Côrte do Rio de Janeiro,e na sua ocorrência Isaura e Álvaro estão em "Campos dos Goytacazes",como que por milagre,ao mesmo tempo que acontece a morte do crápula,seus pais sinhá Estér e o Comendador Almeida Prado,levantam-se da cama,completamente recuperados,como se suas doenças morressem junto com o maldito filho.
-Meu Deus!Madrinha está boa!Deus seja louvado!Glória a Jesus!Glória!Glória!Glória!Aleluia,Senhor!-louva e agradece,Isaura,ajoelhada,chorando de emoção,enquanto beija uma das mãos de Estér,que também ajoelha-se e abraça-se à ela,extremamente emocionada,enquanto uma das janelas do quarto é aberta por Ieda Neuza,e os raios solares iluminam o ambiente,adentrando-no iluminosamente,anunciando festas.
Até que Mãe Joana relembra,manifestando-se.
-É esse remédio que é milagroso!Divina seja a "Aguardente Alemã"!!!
-Muito auspiciosa!!!Homeopaticamente maravilhosa!-acrescenta,Isaura.
...Velório do Leôncio e uma revelação bombástica caí em um momento determinado no ambiente em que o defunto está sendo velado...
Eis que surge Camilo Castelo Branco vivíssimo,ao lado de uma linda mulata...
-Meu Deus!É um fantasma!-balbucia,Ieda Neuza,quase assustada,prestes a desmaiar,com Izaura,pondo-se atrás dela,prestes a lhe segurar.
-Não é não,senhoras e senhores,moças e rapazes...!Eis-me aqui,ressurgido das cinzas,não ressuscitado de nenhum sepulcro,nem advindo de cemitério algum,porque meu corpo,como vêem nunca havería de ter descido aquela cova,entrado naquele caixão,como este meu grande algoz(apontando para o cadáver de Leoncio) planejou,e quizera que todos pensassem!...É isto mesmo!Se alguém tivesse de fato me assassinado,este que agora encontra-se velado neste referido caixão teria sido o assassino deste vosso varão!-revela,Camilo assim que adentra a porta do salão,falando em frente ao caixão,que encontra-se ao centro do ambiente.
-Minha Nossa!Meu primo adorado,que glória de Deus não terem tido te matado!Aleluia,meu Deus!Aleluia,Jesus!Aleluia!-prostra-se aos vossos pés,chorosa e ao mesmo tempo sorridente,sinhá Vera.
-Deus de maravilhas!-exclama sinhá Estér,ao mesmo tempo que uma forte ventania abra todas as janelas,e por ali adentrem profundos raios solares.
-JESUS!CONTE-NOS CAMILO,QUE HISTÓRIA É ESTA,AFINAL?COMO VIVO ESTÁS?SE EU MESMA VI O SEU CORPO QUEIMAR E ARDER NAS LABAREDAS DE TÃO TERRÍVEL CHAMA?!...-pergunta-lhe em exclamação,Izaura.
-Não vistes não,Izaura!Ouvistes sim,não vistes nada,só ouvistes gritos lancinantes meus,que sob a mira de uma arma,fui obrigado a urrar,depois que caí naquele buraco feito atrás da porta,o Leoncio surgíu armado de uma arma...
Cenas de flash-back...
-Agora fiques calado!Se tú gritares,eu rebento-lhe o crânio,dilacero-lhe o cérebro!...-surgira o crápula,ameaçando-o com uma arma,no que após ter sido ajudado pelo jagunço Valpirâno,este tirou Camilo rapidamente do buraco,pára que na sequência um cadáver recente de um escravo fosse ali jogado no lugar de Camilo.Aí jogaram querosene em cima do mesmo e atearam-lhe fogo.
-Agora grites,seu desgraçado,para que Isaura pense que sejas tú o incendiado!-ordenou Leoncio,mirando o revólver sob a cabeça de Camilo,que assim foi obrigado a forjar gritos lancinantes,para fingír que estava sendo morto num incêndio criminoso,enquanto o cadáver de um morto é quem estava sendo realmente queimado.
Quando estavam por de trás da cabana,com Camilo amordaçado por um pano negro na boca,ainda sob a mira do revólver de Leôncio,Valpirâno espalhou querosene nas paredes da cabana,ateando fogo completamente nela,pára rapidamente entrarem num buraco ocultado por algumas folhagens,e ao descerem as escadas,Leôncio ordenou.
-Agora bebas,maldito!Bebas!-obrigando Camilo a beber um suco de maracujá misturado a sedativos bem fortes.
Assim que caíu num sono profundo.Camilo foi carregado por aquele grande corredor de um túnel subterrâneo,que o conduzia até uma outra fazenda,onde foi jogado numa carruagem e levado para um navio,e neste pôsto numa cela.Dali foi obrigado a ír para Portugal,para a província de Santiago do Cacém,onde ficou esse tempo inteiro prisioneiro como escravo branco de uma fazenda portuguesa de um amigo de Leôncio,Calisval Carvalhares.
Tempos depois,a escrava Lucélia(uma linda mulata dos olhos verdes) e ele perdidamente apaixonaram-se,que mancomunados tramaram um plano que culminou com a fuga de ambos:ela dopou a todos,misturando um sedativo poderoso no suco de laranja,que aproveitando-se do adormecimento coletivo dos dopados,obtiveram êxito na fuga.Dali o casal fugiu para Lisboa,onde Camilo possuí família e bens.Casaram-se e ele resolveu reaparecer(sem avisar obviamente a ninguém) coincidentemente justo no momento do velório de Leoncio.
-Conclusivamente,foi assim que tudo ocorreu!-concluí Camilo de mãos dadas com a esposa Lucélia na frente de todos.Munido de sua "Bíblia Sagrada",ele fala.
-Como está escrito nestas palavras,perdoai setenta vezes sete os vossos inimigos!Assim eu já perdoei este ímpio!Que não matou-me por toda a eternidade,mas sim aprisionou a minha liberdade por uma certa temporariedade!Mas graças a ele,eu encontrei de fato a minha grande amada,depois de ti,Isaura,que se acaso não tivessem forjado o meu falecimento e cerceado-me a liberdade,seria eu para ser o teu cônjuge,mas agora vejo que encontrasses também a felicidade....Já estava tudo escrito.Assim estamos felizes!Isto é o que realmente interessa!Aleluia,Jesus!Aleluia!Glórias!Glórias!Glórias aos Céus!-ajoelha-se,agradecendo ao "Deus Maior".
E assim todos os presentes acabam por dá-lo uma salva de palmas,enquanto Isaura o abraça,como forma de aceitá-lo numa grandiosa e respeitosa amizade.
-É Leoncio,desta tú escapou!Quem sabes por tú não teres te tornado um assassino,de fato,Deus não te perdôou e absolveu-te de todos os teus pecados!E que agora te encontras lá perto do nosso Criador!...-lamenta uma esperançosa sinhá Estér,acreditando na hipótese da salvação de sua alma,com um véu negro sobre a cabeça,acaricíando a face do filho sob o caixão.
-É Estér,muito difícil,Leôncio estar agora lá no Céu!Porque não foi muito bom em vossa terrestre trajetória,mas como Deus é infinitamente bom,ele deve absolver até mesmo aqueles que pensávamos estarem de certa maneira condenados...-resigna-se o Comendador diante do corpo do filho.
-Amém-balbucía,fazendo o Sinal-da-Cruz,Isaura.
Enquanto isso,Rosa tem uma lembrança maldita...
-Estás vendo este vidrinho,Rosa?...-indagara-lhe,Leoncio.
-Tô,sim!Pra "qui servi amantí"?...-respondera-lhe o crápula,momentos antes da tragédia do casamento imposto à Isaura,que culminara com a libertação da cativa,o anúncio de vossa falência e o vosso aprisionamento no manicômio judiciário.
-Ah!É veneno,"amantí"!"Prá acabá" com a vida dela!-pensou,precipitadamente,Rosa.
-Pensou errado,Rosa!É veneno sim,mas não para riscá-la do livro dos viventes e sim para matar a beleza de Isaura,para sempre!-respondera-lhe Leoncio.
-"Qui" bom,"amantí"!Mas o que é isto?-indagou-o.
-É dioxina!Uma substância que servirá para deformar o rosto de Isaura!É só misturar um pouco deste pó na comida ou na bebida da vítima!É infalível!...-a explicara,ofertando-a um plano perfeito para revitimizar a pobre escrava.
-Eu já sei como vou "acabá" com Isaura!...-malignamente,balbucia.-Vou "vingá" Leoncio,e por mim também,já que ela não merecia tanta felicidade!"Qui" ódio!...-planeja,pérfida,cortando uma maçã ao meio com uma faca.
Leoncio é enterrado.Após seu enterro Álvaro devolve aos pais do crápula tudo aquilo que lhe tomara por trâmites legais.Eles agradecem-no,bastante.
-Álvaro,vós merce é um santo!Mereces o "Céu" e toda a boa sorte de felicidade deste Universo!Muito obrigada!-agradece-lhe sinhá Estér,ajoelhada aos vossos pés.
-Ai!Ai!Ai!Ai!Meu Deus!Está chegando!Eu não estou aguentando!...-grita Isaura,desesperada enquanto passa as mãos no ventre.-Segurem-me, por favor!-suplica,Isaura,pegando em sua barriga,completando folhetinescamente o espetáculo,sendo acometida pelas dores do parto.
Álvaro e Virgi Santa correm para acudí-la.
Colocam-na sobre o tapete,sob o assoalho,no meio da sala.Ali todos os convidados podem ver ao vivo Isaura entrando em trabalho de parto,auxiliada por Mãe Joana,que mostra habilidade como parteira,enquanto ao mesmo tempo segura firmemente nas mãos do amado Álvaro.
Enquanto faz muita força para dar à luz,começa a caír uma chuva torrencial sobre "Campos dos Goytacazes",ao mesmo tempo que,paralelamente,sinta-se olfativamente um fortíssimo odor suavicíssimo de rosas sendo injetado e invadindo agradabilissimamente por entre os ares da cidade.Até que após muitas contrações,no mesmo momento em que a chuva cessa,vê-se a lua cheia sendo descoberta por uma grande nuvem negra,saíndo e reinando absoluta "Nos Céus",parindo em definitivo,Isaura,na Terra.
-Nascera!Nascera!Sob os maiores auspícios desta vida,eclodindo no maior espetáculo de todas as visões e satisfações!É meu filho!-chora,eufórico,Álvaro,segurando o recém-nascido aos berros nos braços,com Isaura olhando-o,chorosa,e como num encerramento de um grande espetáculo da vida real,são euforicamente aplaudidos por todos os convidados.
-Chamar-se-à Tobias...Tobias...-decide Isaura,pegando-o nos braços,enquanto lança-lhe o olhar materno.
Enquanto isto Leoncio é lançado no manicômio.
Enlouquecido,começa a ter visões irreais,sintomáticas de vossa demência.
-Receba-me Isaura,em tua alcôva,que dou-te todo o meu reinado!E assim podes transformar-me em teu escravo!O teu mais humilde escravo!-abre os braços,assim que desce da carruagem,o põem na camisa-de-força,ajoelhando-se em frente ao portão principal,como se estivesse dirigindo-se à Isaura,tendo-a em sua visão.
-Larguem-me seus condenados!Pústulas desprezíveis!Isaura!Minha rainha!Salve-me destes abutres!Decapite-os!Mande-os para a guilhotina!Ou crive vossos corpos com punhaladas!-vocifera,enquanto levam-no para uma cela do manicômio judiciário,agora passando a xingá-la.
-Isaura!Sua desgraçada!Já não é mais a minha rainha!Estás destronada!Do meu coração estás destronada!Guardas,prendam-na,na masmôrra!No calabouço!Porém não privem-na de alimentar-se e beber bastante água!Para que volte a ser a minha escrava!-pronuncía tais palavras desconexas,
comumentes a um louco perverso,obcecado pelos desejos mais obsessivamente vis deste mundo,vítima dos próprios intentos perniciosos.
Ele dá continuidade às suas desconexidades,que apesar de serem provenientes do seu distúrbio mental,não deixam,óbvio,de imprimír genialidade,visto que completa o nosso espetáculo de palavras.
-...cuja socapa um véu que encobria-lhe a face!Da próxima tú já sabes!Venderei vós mercê para o capitão-do-mato mais asselvajado destes lados:Donato!Eu estou tão fulgurado que se colocasse minhas mãos em Isaura,a daría muitas chibatadas!Deixem-me chicotear Isaura!Não!Sería muito mais fácil pedir-me para chicotear vós mercê!...Caro Álvaro,és acima de tudo um paradoxal assumidíssimo diante de todo este mar de escravismos!Elogia-o!Um pústula maligno,decerto,para todos os que representam esta sociedade escravocrata!-prossegue,Leoncio,falar a só,sintoma de seu transtorno mental.
Novo terremoto acontece na história,e desaba o manicômio judiciário,na Côrte,matando a todos ou loucos presidiários.Leoncio agora é somente um cadáver em meio aos escombros...Eis o seu trágico final.
Como o abalo sísmico só atingiu a Côrte do Rio de Janeiro,e na sua ocorrência Isaura e Álvaro estão em "Campos dos Goytacazes",como que por milagre,ao mesmo tempo que acontece a morte do crápula,seus pais sinhá Estér e o Comendador Almeida Prado,levantam-se da cama,completamente recuperados,como se suas doenças morressem junto com o maldito filho.
-Meu Deus!Madrinha está boa!Deus seja louvado!Glória a Jesus!Glória!Glória!Glória!Aleluia,Senhor!-louva e agradece,Isaura,ajoelhada,chorando de emoção,enquanto beija uma das mãos de Estér,que também ajoelha-se e abraça-se à ela,extremamente emocionada,enquanto uma das janelas do quarto é aberta por Ieda Neuza,e os raios solares iluminam o ambiente,adentrando-no iluminosamente,anunciando festas.
Até que Mãe Joana relembra,manifestando-se.
-É esse remédio que é milagroso!Divina seja a "Aguardente Alemã"!!!
-Muito auspiciosa!!!Homeopaticamente maravilhosa!-acrescenta,Isaura.
...Velório do Leôncio e uma revelação bombástica caí em um momento determinado no ambiente em que o defunto está sendo velado...
Eis que surge Camilo Castelo Branco vivíssimo,ao lado de uma linda mulata...
-Meu Deus!É um fantasma!-balbucia,Ieda Neuza,quase assustada,prestes a desmaiar,com Izaura,pondo-se atrás dela,prestes a lhe segurar.
-Não é não,senhoras e senhores,moças e rapazes...!Eis-me aqui,ressurgido das cinzas,não ressuscitado de nenhum sepulcro,nem advindo de cemitério algum,porque meu corpo,como vêem nunca havería de ter descido aquela cova,entrado naquele caixão,como este meu grande algoz(apontando para o cadáver de Leoncio) planejou,e quizera que todos pensassem!...É isto mesmo!Se alguém tivesse de fato me assassinado,este que agora encontra-se velado neste referido caixão teria sido o assassino deste vosso varão!-revela,Camilo assim que adentra a porta do salão,falando em frente ao caixão,que encontra-se ao centro do ambiente.
-Minha Nossa!Meu primo adorado,que glória de Deus não terem tido te matado!Aleluia,meu Deus!Aleluia,Jesus!Aleluia!-prostra-se aos vossos pés,chorosa e ao mesmo tempo sorridente,sinhá Vera.
-Deus de maravilhas!-exclama sinhá Estér,ao mesmo tempo que uma forte ventania abra todas as janelas,e por ali adentrem profundos raios solares.
-JESUS!CONTE-NOS CAMILO,QUE HISTÓRIA É ESTA,AFINAL?COMO VIVO ESTÁS?SE EU MESMA VI O SEU CORPO QUEIMAR E ARDER NAS LABAREDAS DE TÃO TERRÍVEL CHAMA?!...-pergunta-lhe em exclamação,Izaura.
-Não vistes não,Izaura!Ouvistes sim,não vistes nada,só ouvistes gritos lancinantes meus,que sob a mira de uma arma,fui obrigado a urrar,depois que caí naquele buraco feito atrás da porta,o Leoncio surgíu armado de uma arma...
Cenas de flash-back...
-Agora fiques calado!Se tú gritares,eu rebento-lhe o crânio,dilacero-lhe o cérebro!...-surgira o crápula,ameaçando-o com uma arma,no que após ter sido ajudado pelo jagunço Valpirâno,este tirou Camilo rapidamente do buraco,pára que na sequência um cadáver recente de um escravo fosse ali jogado no lugar de Camilo.Aí jogaram querosene em cima do mesmo e atearam-lhe fogo.
-Agora grites,seu desgraçado,para que Isaura pense que sejas tú o incendiado!-ordenou Leoncio,mirando o revólver sob a cabeça de Camilo,que assim foi obrigado a forjar gritos lancinantes,para fingír que estava sendo morto num incêndio criminoso,enquanto o cadáver de um morto é quem estava sendo realmente queimado.
Quando estavam por de trás da cabana,com Camilo amordaçado por um pano negro na boca,ainda sob a mira do revólver de Leôncio,Valpirâno espalhou querosene nas paredes da cabana,ateando fogo completamente nela,pára rapidamente entrarem num buraco ocultado por algumas folhagens,e ao descerem as escadas,Leôncio ordenou.
-Agora bebas,maldito!Bebas!-obrigando Camilo a beber um suco de maracujá misturado a sedativos bem fortes.
Assim que caíu num sono profundo.Camilo foi carregado por aquele grande corredor de um túnel subterrâneo,que o conduzia até uma outra fazenda,onde foi jogado numa carruagem e levado para um navio,e neste pôsto numa cela.Dali foi obrigado a ír para Portugal,para a província de Santiago do Cacém,onde ficou esse tempo inteiro prisioneiro como escravo branco de uma fazenda portuguesa de um amigo de Leôncio,Calisval Carvalhares.
Tempos depois,a escrava Lucélia(uma linda mulata dos olhos verdes) e ele perdidamente apaixonaram-se,que mancomunados tramaram um plano que culminou com a fuga de ambos:ela dopou a todos,misturando um sedativo poderoso no suco de laranja,que aproveitando-se do adormecimento coletivo dos dopados,obtiveram êxito na fuga.Dali o casal fugiu para Lisboa,onde Camilo possuí família e bens.Casaram-se e ele resolveu reaparecer(sem avisar obviamente a ninguém) coincidentemente justo no momento do velório de Leoncio.
-Conclusivamente,foi assim que tudo ocorreu!-concluí Camilo de mãos dadas com a esposa Lucélia na frente de todos.Munido de sua "Bíblia Sagrada",ele fala.
-Como está escrito nestas palavras,perdoai setenta vezes sete os vossos inimigos!Assim eu já perdoei este ímpio!Que não matou-me por toda a eternidade,mas sim aprisionou a minha liberdade por uma certa temporariedade!Mas graças a ele,eu encontrei de fato a minha grande amada,depois de ti,Isaura,que se acaso não tivessem forjado o meu falecimento e cerceado-me a liberdade,seria eu para ser o teu cônjuge,mas agora vejo que encontrasses também a felicidade....Já estava tudo escrito.Assim estamos felizes!Isto é o que realmente interessa!Aleluia,Jesus!Aleluia!Glórias!Glórias!Glórias aos Céus!-ajoelha-se,agradecendo ao "Deus Maior".
E assim todos os presentes acabam por dá-lo uma salva de palmas,enquanto Isaura o abraça,como forma de aceitá-lo numa grandiosa e respeitosa amizade.
-É Leoncio,desta tú escapou!Quem sabes por tú não teres te tornado um assassino,de fato,Deus não te perdôou e absolveu-te de todos os teus pecados!E que agora te encontras lá perto do nosso Criador!...-lamenta uma esperançosa sinhá Estér,acreditando na hipótese da salvação de sua alma,com um véu negro sobre a cabeça,acaricíando a face do filho sob o caixão.
-É Estér,muito difícil,Leôncio estar agora lá no Céu!Porque não foi muito bom em vossa terrestre trajetória,mas como Deus é infinitamente bom,ele deve absolver até mesmo aqueles que pensávamos estarem de certa maneira condenados...-resigna-se o Comendador diante do corpo do filho.
-Amém-balbucía,fazendo o Sinal-da-Cruz,Isaura.
Enquanto isso,Rosa tem uma lembrança maldita...
-Estás vendo este vidrinho,Rosa?...-indagara-lhe,Leoncio.
-Tô,sim!Pra "qui servi amantí"?...-respondera-lhe o crápula,momentos antes da tragédia do casamento imposto à Isaura,que culminara com a libertação da cativa,o anúncio de vossa falência e o vosso aprisionamento no manicômio judiciário.
-Ah!É veneno,"amantí"!"Prá acabá" com a vida dela!-pensou,precipitadamente,Rosa.
-Pensou errado,Rosa!É veneno sim,mas não para riscá-la do livro dos viventes e sim para matar a beleza de Isaura,para sempre!-respondera-lhe Leoncio.
-"Qui" bom,"amantí"!Mas o que é isto?-indagou-o.
-É dioxina!Uma substância que servirá para deformar o rosto de Isaura!É só misturar um pouco deste pó na comida ou na bebida da vítima!É infalível!...-a explicara,ofertando-a um plano perfeito para revitimizar a pobre escrava.
-Eu já sei como vou "acabá" com Isaura!...-malignamente,balbucia.-Vou "vingá" Leoncio,e por mim também,já que ela não merecia tanta felicidade!"Qui" ódio!...-planeja,pérfida,cortando uma maçã ao meio com uma faca.
Leoncio é enterrado.Após seu enterro Álvaro devolve aos pais do crápula tudo aquilo que lhe tomara por trâmites legais.Eles agradecem-no,bastante.
-Álvaro,vós merce é um santo!Mereces o "Céu" e toda a boa sorte de felicidade deste Universo!Muito obrigada!-agradece-lhe sinhá Estér,ajoelhada aos vossos pés.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
"UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA"-O GRANDE FINAL-PARTE 1:
A grande cantora de fados portugueses Amália Rodrigues está a cantar um clássico do fado lusitano,a música "Casa da Mariquinhas" no palco do teatro de arena do domicílio de Doña Sol,para um público seleto em mais um sarau,quando acontece um fenômeno mais-do-que espetacular:"A Chuva de Meteoritos",como se várias estrelas caíssem do "Céu da Espanha",enchendo a noite de "raríssima beleza visual".
-Meu Deus!Que formidabilíssimo!!!-suspira Isaura,saltando os olhos de admiração,como se visse algo inverossímil.
Até que no mesmo céu apareça-o desenhado um "Escorpião de Estrelas".
-É a "Constelação do Signo de Escorpião",avisando-nos de uma profunda transformação!Sejam elas fatídicas ou auspiciosas!Só Deus sabe...-explica-lhes Doña Sol,sabedoura dos recados astrais.
Assim que dá-se a sua interpretação,surgem Leoncio,Rosa e a milícia espanhola,para prender Isaura.
-Vós mercês estão presos!-anuncia-os o crápula,referíndo-se ao casal Isaura e Álvaro,ao mesmo tempo que ouvem-se os estrondosos "7 Trovões" no "Céu" sob ares noturnos.
Ambos são acorrentados e para a presiganga assim levados.Ambos recolhidos em celas diferentes do navio-presídio.O tempo passa muito rápido,como se "atravessassem o mapa".Isaura e todos já estão no Brasil.Álvaro é penalizado a pagar uma multa por desrespeito à Justiça,ao ajudá-la empreender a sua quinta fuga.E aguardar um novo julgamento,que decidirá se ele será ou não expulso do país.Algo pleiteado pelo crápula,que achou por "bem" ingressar com este pedido em esfera judicíal,pára que se Álvaro,se acaso for ao exílio condenado,seja para sempre de Isaura,separado.
Quanto à Isaura,Leoncio volta à decisão de deixá-la enclausurada em seu próprio quarto na casa-grande do engenho,a "Fazenda Santa Genoveva".Desta maneira,Isaura vive a sua solitária e sacrificada gestação.Condenada novamente à prisão domicíliar e também afastada do grande amado.Como também a ser penalizada com a triste notícia do afastamento de vosso pai e a "tia-madrasta",vendidos pelo algoz para um barão escravocrata residente em longínquas e desconhecidas terras.E como se não bastasse, mais uma ruim novidade:ela é obrigada a enxugar ovos caipiras da granja do engenho,12 horas por dia.Pega-os mergulhados n'água em grande tonel de madeira,e um a um vai enxugando-os munida de algum guardanapo,trocando-o por outro,à medida em que o que está sendo usado encontra-se molhado.Colocando os ovos enxugados em uma cesta de palha.Trabalho punitivo criado pelo cérebro maligno da própria e invejosa Rosa,sugerido a Leoncio,para que o mesmo castigasse Isaura e assim a ocupasse,para que a mesma não voltasse a ter "ares de princesa preguiçosa e desocupada"!
Só que ao decorrer dos meses Leoncio vai desperdiçando quantias vultosas do patrimônio de vosso pai,desperdiçando principalmente com mulheres de lupanar ou "pônas",bebidas,jogatinas e farras.Como consequência vê-se completamente endividado,pois para completar sua tragédia financeira tem prejuízos com o tráfico negreiro,por naufragar dois navios de sua frota,repleto de escravos,oriundos da África e como se não bastasse,sua lavoura açucareira ser atingida por pragas.
Não havendo outra saída pede empréstimos exorbitantes ao banco,hipotecando todos os vossos bens.É aí que o banqueiro português Antônio Calvário de Santiago,amigo de um amigo de Álvaro avisa-o,que por sua vez,avisa ao amado de Isaura.Sem perder tempo,Álvaro faz o pagamento completo das dívidas do inimigo,e automaticamente apodera-se,em benefício próprio,por direito,de tudo aquilo que já lhe pertenceu.Só que por enquanto Álvaro empreende todas estas ações em segredo.Esperando para "dar o bote" fatal em ocasião oportuna.
É quando ao saír do banco,após pagar todas as dívidas do adversário,tomar os bens do mesmo,decide empreender uma visita aos amigos Henrique,Virgi Santa e sinhá Vera.
-Álvaro!Estávamos saindo exatamente para encontrarmos contigo!Pois desta vez Leoncio foi tenebroso demais!...-o diz,Vera,abrindo a porta,para visitá-lo,quando o mesmo já estava ali para lhes visitar e o segredo os contar.
-Meu Deus!O que fôra?Nao diga-me que Leoncio atentou contra a vida de Isaura?!-adentra a casa,Álvaro,sobressaltado.
-Não para tanto!Acalme-se,Álvaro!Sente-se!-o pede encarecidamente,Vera.-Virgi Santa vá buscar o chá de camomila para Álvaro se acalmar...-a solicita.
-O que foi sinhôra Vera?!Afinal o que desta vez Isaura sofreu?!Conte-me,por obséquio!-a indaga Álvaro,visivelmente desnorteado.
-Acalme-se Álvaro!Acalme-se!Não desnorteie-se tanto!Serei-lhe concisa no conto!Simplesmente Leoncio decidiu anular por conta própria o casamento entre Belchior e Isaura e a obrigá-la em um futuro sarau a anunciar-se como a sua nova mulher!A sua mais nova mulher!...conta-lhe,concisamente,Vera.
-Que canalha!Pústula miserável!Mas asseguro-lhes que este cruel constrangimento não acontecerá!Muito pelo contrário!Eu é quem o farei passar por uma cruel humilhação!-garante.-Aqui está a prova!...-revela-lhes,amostrando-os um documento comprobatório de que comprou as dívidas de Leoncio,e assim é o novo dono de tudo o que ele tem.
-Nossa Senhora!É inacreditável,mas já era de se esperar!Quanto castigo!Melhor impossível!...-diz sinhá Vera espantada e ao mesmo tempo admirada,dando uma pausa olhando fixamente para a parede,até que recobre o olhar,voltando a mexer com as pálpebras.-É Leoncio chafurdando-se na própria lama do pecado!Matando a própria riqueza para entregar-se de bandeja!...-concluí sinhá Vera,munida do documento de Álvaro,após analisar minuciosamente o seu teor.
-Muito bem executado!Meus parabéns Álvaro!Então é assim que vós pretende vingar-se?!Tomando tudo do canalha para o condená-lo à bancarrota!Chafurdá-lo na lama da miséria!Mais-do-que-perfeitamente tramado!Ele merece e como o merece!...-elogia-o,Henrique,ao ler o teor do papel.
-É "inhô"!"Demôrô",mas "ú castigú chegô"!-diz,Virgi Santa.
E vai chegar...É "11 de Maio de 1888".Dia do "fatídico" sarau para Leoncio e o mais redentor da vida inteira de Isaura.O crápula adentra o salão de sua casa na Côrte,anuncíando o início do "Baile das Mascarilhas",acompanhado de Isaura,que está mais linda do que nunca,trajando um belíssimo vestido vermelho de gala,cuja mascarilha que adorna-lhe o rosto é côr de prata.
-Senhoras e senhores!Apresentear-lhe-eis nesta pontual ocasião a minha mais nova sinhôra!Eí-la aqui!-aponta-lhe com a mão,objetivando apresentá-la.
-Páre Leoncio!-e Isaura retira a mascarilha,chorando,segurando-a com uma das mãos.-Desculpem pela infâmia que este senhor encontra-se a agir para com vós mercês!Visto que eu estou sendo vítima da mais constrangível fatalidade moral e socíal,sentindo-me vilipendiada como ser humano,escravizada no sentido mais peculíar do âmago de minha'lma!-protesta.-Pois não sou mulher deste homem,nem o serei jamais!...-desabafa corajosamente na frente de todos os convidados,revelando-os tamanha aflição que espinha-lhe o espírito,afrontando a Leoncio,consequentemente.
-Cala-te Isaura!Cala-te Isaura!O que estás fazendo Isaura?!-a pega fortemente pelos braços,pondo-se a balançá-la,exigindo.-Peça perdão aos convidados,redima-se e diga-lhes que és a minha mais nova mulher,Isaura!Eu ordeno-te!Obedeça-me!Agora!-a ordena,constrangendo-a.
-Jamais ser infâme e arbitrário!Jamais!Eu nunca serei tua!Nem vestida,nem nua!-volta a protestar.
-Já que não o queres jamais ser a minha mulher!Serás eternamente a minha escrava!Desgraçada!-prepara-se para dar-lhe um tapa,quando surge alguém para pegá-lo fortemente em seu pulso.É Álvaro.
-Desgraçada é a vossa covardia,seu abutre!-o olha com fúria,impedindo-o que esbofeteie Isaura,empurrando-o com violência,fazendo com que Leoncio caía sobre o assoalho.
-Maldito intrometido!Vou cobrí-lo de pancadas!-e levanta-se com fúria,preparado para espancar o inimigo.
-Nao vais não!Páre aonde está Leoncio,ou eu atiro!-surge sinhá Vera,munida de uma arma,ameaçando rebentar-lhe o crânio.
-Então terás que atirar porque eu não vou parar!-desafia-lhe o crápula,fazendo com que sinhá Vera dê-lhe um tiro no braço,na frente de todos os convidados.
-Eu o falei Leoncio!Vós mercê não obedeceu-me,e agora recolha-se às tristes e dolorosas insignificâncias de vossas inconsequências!Seu pústula!Envergonhando-me diante de toda a sociedade!Expondo Isaura a tamanha ridicularidade!Seu inútil!É isto que serás agora!Pois perdestes tudo o que tú tens!Não tens mais nenhum dos teus bens!Agora és um nada!...-o desabafa,olhando-o com raiva,cujos olhos estão cheios de lágrimas.-Ouvistes?!Um nada!Um nada!Um nada!-bate no chão com um dos pés,como que se o estivesse esmagando,espezinhando-o,pulverizando-o.
-É isto mesmo senhor LeoncioAlmeida Prado de Guianazes!Antes que venha acusá-la de louca,é bem surreal o que a sinhôra Vera vos fala!Eu paguei todas as vossas dívidas!E tudo o que era seu agora é meu!Acabou o pesadelo de Isaura!Seu crápula!-anuncia-lhe Álvaro,mostrando-lhe o documento de arrêsto que apreende todos os seus bens por decisão judicial,e os transfere para sí.
-Maldito embargo!Dê-me aqui!-toma a arma rapidamente da mão de Vera,a empurra e mirando a arma em direção a Álvaro,mas surpreendentemente na sequência,mirando-a para a sua própria cabeça,anuncía.
-Agora eu vou me matar!-e quando está prestes a apertar o gatilho,surge Rosa por trás dele,impedindo-o do suicídio,quebrando-lhe um vaso de porcelana na cabeça,fazendo-o desmaíar e levando sinhá Vera a uma triste conclusão.
-Ah!Meu Deus!Definitivamente Leoncio ficou louco!Levem-no para o manicômio!Agora!-concluí racionalmente sinhá Vera,ordenando ao feitor Cipriano que o leve para a carruagem.
-Meu Deus!Que formidabilíssimo!!!-suspira Isaura,saltando os olhos de admiração,como se visse algo inverossímil.
Até que no mesmo céu apareça-o desenhado um "Escorpião de Estrelas".
-É a "Constelação do Signo de Escorpião",avisando-nos de uma profunda transformação!Sejam elas fatídicas ou auspiciosas!Só Deus sabe...-explica-lhes Doña Sol,sabedoura dos recados astrais.
Assim que dá-se a sua interpretação,surgem Leoncio,Rosa e a milícia espanhola,para prender Isaura.
-Vós mercês estão presos!-anuncia-os o crápula,referíndo-se ao casal Isaura e Álvaro,ao mesmo tempo que ouvem-se os estrondosos "7 Trovões" no "Céu" sob ares noturnos.
Ambos são acorrentados e para a presiganga assim levados.Ambos recolhidos em celas diferentes do navio-presídio.O tempo passa muito rápido,como se "atravessassem o mapa".Isaura e todos já estão no Brasil.Álvaro é penalizado a pagar uma multa por desrespeito à Justiça,ao ajudá-la empreender a sua quinta fuga.E aguardar um novo julgamento,que decidirá se ele será ou não expulso do país.Algo pleiteado pelo crápula,que achou por "bem" ingressar com este pedido em esfera judicíal,pára que se Álvaro,se acaso for ao exílio condenado,seja para sempre de Isaura,separado.
Quanto à Isaura,Leoncio volta à decisão de deixá-la enclausurada em seu próprio quarto na casa-grande do engenho,a "Fazenda Santa Genoveva".Desta maneira,Isaura vive a sua solitária e sacrificada gestação.Condenada novamente à prisão domicíliar e também afastada do grande amado.Como também a ser penalizada com a triste notícia do afastamento de vosso pai e a "tia-madrasta",vendidos pelo algoz para um barão escravocrata residente em longínquas e desconhecidas terras.E como se não bastasse, mais uma ruim novidade:ela é obrigada a enxugar ovos caipiras da granja do engenho,12 horas por dia.Pega-os mergulhados n'água em grande tonel de madeira,e um a um vai enxugando-os munida de algum guardanapo,trocando-o por outro,à medida em que o que está sendo usado encontra-se molhado.Colocando os ovos enxugados em uma cesta de palha.Trabalho punitivo criado pelo cérebro maligno da própria e invejosa Rosa,sugerido a Leoncio,para que o mesmo castigasse Isaura e assim a ocupasse,para que a mesma não voltasse a ter "ares de princesa preguiçosa e desocupada"!
Só que ao decorrer dos meses Leoncio vai desperdiçando quantias vultosas do patrimônio de vosso pai,desperdiçando principalmente com mulheres de lupanar ou "pônas",bebidas,jogatinas e farras.Como consequência vê-se completamente endividado,pois para completar sua tragédia financeira tem prejuízos com o tráfico negreiro,por naufragar dois navios de sua frota,repleto de escravos,oriundos da África e como se não bastasse,sua lavoura açucareira ser atingida por pragas.
Não havendo outra saída pede empréstimos exorbitantes ao banco,hipotecando todos os vossos bens.É aí que o banqueiro português Antônio Calvário de Santiago,amigo de um amigo de Álvaro avisa-o,que por sua vez,avisa ao amado de Isaura.Sem perder tempo,Álvaro faz o pagamento completo das dívidas do inimigo,e automaticamente apodera-se,em benefício próprio,por direito,de tudo aquilo que já lhe pertenceu.Só que por enquanto Álvaro empreende todas estas ações em segredo.Esperando para "dar o bote" fatal em ocasião oportuna.
É quando ao saír do banco,após pagar todas as dívidas do adversário,tomar os bens do mesmo,decide empreender uma visita aos amigos Henrique,Virgi Santa e sinhá Vera.
-Álvaro!Estávamos saindo exatamente para encontrarmos contigo!Pois desta vez Leoncio foi tenebroso demais!...-o diz,Vera,abrindo a porta,para visitá-lo,quando o mesmo já estava ali para lhes visitar e o segredo os contar.
-Meu Deus!O que fôra?Nao diga-me que Leoncio atentou contra a vida de Isaura?!-adentra a casa,Álvaro,sobressaltado.
-Não para tanto!Acalme-se,Álvaro!Sente-se!-o pede encarecidamente,Vera.-Virgi Santa vá buscar o chá de camomila para Álvaro se acalmar...-a solicita.
-O que foi sinhôra Vera?!Afinal o que desta vez Isaura sofreu?!Conte-me,por obséquio!-a indaga Álvaro,visivelmente desnorteado.
-Acalme-se Álvaro!Acalme-se!Não desnorteie-se tanto!Serei-lhe concisa no conto!Simplesmente Leoncio decidiu anular por conta própria o casamento entre Belchior e Isaura e a obrigá-la em um futuro sarau a anunciar-se como a sua nova mulher!A sua mais nova mulher!...conta-lhe,concisamente,Vera.
-Que canalha!Pústula miserável!Mas asseguro-lhes que este cruel constrangimento não acontecerá!Muito pelo contrário!Eu é quem o farei passar por uma cruel humilhação!-garante.-Aqui está a prova!...-revela-lhes,amostrando-os um documento comprobatório de que comprou as dívidas de Leoncio,e assim é o novo dono de tudo o que ele tem.
-Nossa Senhora!É inacreditável,mas já era de se esperar!Quanto castigo!Melhor impossível!...-diz sinhá Vera espantada e ao mesmo tempo admirada,dando uma pausa olhando fixamente para a parede,até que recobre o olhar,voltando a mexer com as pálpebras.-É Leoncio chafurdando-se na própria lama do pecado!Matando a própria riqueza para entregar-se de bandeja!...-concluí sinhá Vera,munida do documento de Álvaro,após analisar minuciosamente o seu teor.
-Muito bem executado!Meus parabéns Álvaro!Então é assim que vós pretende vingar-se?!Tomando tudo do canalha para o condená-lo à bancarrota!Chafurdá-lo na lama da miséria!Mais-do-que-perfeitamente tramado!Ele merece e como o merece!...-elogia-o,Henrique,ao ler o teor do papel.
-É "inhô"!"Demôrô",mas "ú castigú chegô"!-diz,Virgi Santa.
E vai chegar...É "11 de Maio de 1888".Dia do "fatídico" sarau para Leoncio e o mais redentor da vida inteira de Isaura.O crápula adentra o salão de sua casa na Côrte,anuncíando o início do "Baile das Mascarilhas",acompanhado de Isaura,que está mais linda do que nunca,trajando um belíssimo vestido vermelho de gala,cuja mascarilha que adorna-lhe o rosto é côr de prata.
-Senhoras e senhores!Apresentear-lhe-eis nesta pontual ocasião a minha mais nova sinhôra!Eí-la aqui!-aponta-lhe com a mão,objetivando apresentá-la.
-Páre Leoncio!-e Isaura retira a mascarilha,chorando,segurando-a com uma das mãos.-Desculpem pela infâmia que este senhor encontra-se a agir para com vós mercês!Visto que eu estou sendo vítima da mais constrangível fatalidade moral e socíal,sentindo-me vilipendiada como ser humano,escravizada no sentido mais peculíar do âmago de minha'lma!-protesta.-Pois não sou mulher deste homem,nem o serei jamais!...-desabafa corajosamente na frente de todos os convidados,revelando-os tamanha aflição que espinha-lhe o espírito,afrontando a Leoncio,consequentemente.
-Cala-te Isaura!Cala-te Isaura!O que estás fazendo Isaura?!-a pega fortemente pelos braços,pondo-se a balançá-la,exigindo.-Peça perdão aos convidados,redima-se e diga-lhes que és a minha mais nova mulher,Isaura!Eu ordeno-te!Obedeça-me!Agora!-a ordena,constrangendo-a.
-Jamais ser infâme e arbitrário!Jamais!Eu nunca serei tua!Nem vestida,nem nua!-volta a protestar.
-Já que não o queres jamais ser a minha mulher!Serás eternamente a minha escrava!Desgraçada!-prepara-se para dar-lhe um tapa,quando surge alguém para pegá-lo fortemente em seu pulso.É Álvaro.
-Desgraçada é a vossa covardia,seu abutre!-o olha com fúria,impedindo-o que esbofeteie Isaura,empurrando-o com violência,fazendo com que Leoncio caía sobre o assoalho.
-Maldito intrometido!Vou cobrí-lo de pancadas!-e levanta-se com fúria,preparado para espancar o inimigo.
-Nao vais não!Páre aonde está Leoncio,ou eu atiro!-surge sinhá Vera,munida de uma arma,ameaçando rebentar-lhe o crânio.
-Então terás que atirar porque eu não vou parar!-desafia-lhe o crápula,fazendo com que sinhá Vera dê-lhe um tiro no braço,na frente de todos os convidados.
-Eu o falei Leoncio!Vós mercê não obedeceu-me,e agora recolha-se às tristes e dolorosas insignificâncias de vossas inconsequências!Seu pústula!Envergonhando-me diante de toda a sociedade!Expondo Isaura a tamanha ridicularidade!Seu inútil!É isto que serás agora!Pois perdestes tudo o que tú tens!Não tens mais nenhum dos teus bens!Agora és um nada!...-o desabafa,olhando-o com raiva,cujos olhos estão cheios de lágrimas.-Ouvistes?!Um nada!Um nada!Um nada!-bate no chão com um dos pés,como que se o estivesse esmagando,espezinhando-o,pulverizando-o.
-É isto mesmo senhor LeoncioAlmeida Prado de Guianazes!Antes que venha acusá-la de louca,é bem surreal o que a sinhôra Vera vos fala!Eu paguei todas as vossas dívidas!E tudo o que era seu agora é meu!Acabou o pesadelo de Isaura!Seu crápula!-anuncia-lhe Álvaro,mostrando-lhe o documento de arrêsto que apreende todos os seus bens por decisão judicial,e os transfere para sí.
-Maldito embargo!Dê-me aqui!-toma a arma rapidamente da mão de Vera,a empurra e mirando a arma em direção a Álvaro,mas surpreendentemente na sequência,mirando-a para a sua própria cabeça,anuncía.
-Agora eu vou me matar!-e quando está prestes a apertar o gatilho,surge Rosa por trás dele,impedindo-o do suicídio,quebrando-lhe um vaso de porcelana na cabeça,fazendo-o desmaíar e levando sinhá Vera a uma triste conclusão.
-Ah!Meu Deus!Definitivamente Leoncio ficou louco!Levem-no para o manicômio!Agora!-concluí racionalmente sinhá Vera,ordenando ao feitor Cipriano que o leve para a carruagem.
"UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA"-CAPÍTULO 35:
Como não pode vitimizar Isaura aos vossos castigos,Leoncio os imputa ao pai da cativa,Seu Jocelino,e a "tia-madrasta" dela,Maria José,que no julgamento foram sentenciados a serem por Leoncio escravizados,trabalhando doze horas por dia no engenho,como cortadores de cana.Expostos a sol,frio e chuva.E sob a condição de assenzalados.
Furioso,Leoncio,o destino dos dois,implacavelmente decidiu,revelando a Rosa no gabinete.
-Eu já fechei o negócio!Vendi Jocelino e Maria José para outro barão,lá do Paraná!Amanhã ele virá os buscar!Separando-a dos pais é a melhor forma de castigar a petulância de Isaura,por ter evadido-se pela quinta vez da fazenda!Agora além de lutar pela própria liberdade,algo que enquanto for vivo nunca a vou dar,Isaura terá de arduamente batalhar pára poder aos pais,os reencontrar!Só assim,sob o meu jugo,com mãos-de-ferro,ela aprenderá a me respeitar!-fala o vilão,com ar ditatorial,como se fosse o "Hitler do século 19".
Até que alguém bata na porta.A mucama Ieda Neuza vai atender.É sinhá Altônia,acompanhada da irmã Adélia e da preceptora Glória.Vieram visitar a Leoncio,que prontamente avisado por Ieda comparece à sala,para certificar-se do que elas pretendem com esta visita.
-Boas-noites,sinhôritas!-as cumprimenta,levantando o chapéu,e com a outra segura o charuto.
-Boas noites senhor Leoncio!-desejam-lhe ao mesmo tempo as três.
-Que ventos trazem-nas aqui?Acaso vieram visitar-nos,a mim,a mamãe e ao papai?-indaga-lhes,Leoncio.
-Também...-retruca-lhe,Altônia.
-Sim!Se é também porque há outro motivo,decerto...-Leoncio,observa.
-Exatamente!Serei objetiva...Estamos aqui para visitá-los,mas também por outros dois motivos:primeiramente se vós mercê deixa-nos pernoitarmos em vossa fazenda,e o outro é se pode-nos fazer empréstimo de alguma mucama tua,para fazer vigilância de nossa casa,já que viajaremos à "Côrte Bahiana",para matarmos as saudades da terra e também para visitarmos o túmulo de minha genitora,sepultada em cemitério da Bahia...-explica-lhe Altônia em resposta.
-Afirmativo!Pedidos concedidos!Isto não me será difícil!Muito pelo contrário,mas queira eu a perguntar-lhes:por quanto tempo vós mercês irão ausentar-se?-aceita-lhes favorecer,e ao final,as indagar.
-Por algumas semanas...mais precisamente por três,aliás por quatro,o que equivalería a um mes...-responde-no agora Adélia.
-Sem mais delongas!Concordado!Amanhã à mesa do café,as comunicarei,quem a vossa casa vigiará!-depõe.-Por obséquio Rosa,levem-nas aos vossos aposentos!-a ordena.
-Sejam sempre muito bem-vindas e estejam sempre bem à vontade!A casa é vossa...Com licença,e que tenham boas-noites de repousos...-as deseja,sempre envolto em uma bruma de bastante educação para com elas.
-Vocês viram!Leoncio pode até ser terrível contra a escrava Isaura,mas conosco sempre comportou-se da forma mais formidável!Que educação esmerada!...-elogia-o,Glória.
-É concordável!Para Isaura ele deve ser como um demônio,mas para nós é como se fosse,e age como um anjo,e dos mais bondosos e educados!...-completa,Adélia.
As três então dormem juntas no mesmo aposento.Cada qual em uma cama no quarto de hóspedes.Até que algo estranho venha a acontecer,e a Leoncio favorecer...
Simplesmente Rosa flagra a "sinhá bastarda" perambulando pela sala,quando antes,dormindo ao lado do amante,ouviu o barulho de um vaso espatifar-se ao chão.Altônia que o esbarrou.É nesta oportunidade que chama Leoncio para observá-la.
-Se eu morresse hoje não sabería deste detalhe!Que Altônia,minha irmã bastarda,é sonâmbula!...-descobre,surpreso.-Perfeito!Isto deu-me uma idéia!Leve-a com delicadeza para o meu gabinete...-e assim,Rosa,o procede.
Ele a faz escrever uma carta sob estado de sonambulismo,ao ditá-la,para que a mesma seja destinada à sua amiga de Portugal,Adelaide,perguntando-a por escrito o paradeiro de Álvaro e Isaura,e cuja resposta guardará segredo ou sigilo absolutíssimo.
Como Altônia,a preceptora Glória e a irmã Adélia empreendem a viagem de regresso à Bahia,com fins saudosos e ou a fim de matar as saudades de vossa terra e fazer uma espécie de turismo póstumo,Leoncio empresta Rosa para tomar conta da vivenda delas na Côrte,durante a ausência das mesmas.É exatamente aí que acontece o golpe de misericórdia,resultante do plano mais-do-que-perfeito para a descoberta,já que é Rosa quem recebe a carta-resposta,advinda de Portugal e a entrega ao amante,que envolto sob uma "alegria" sombria,comemora.
-Empreender-se-à,"pôna" de minha alcôva,mais uma captura auspiciosa para com Isaura...que estará nesta gaiola como esta gata!...-e põe a felina Mirica engaiolada,após pegá-la,fazendo-a miar bastante,soltando-a em seguida.
Enquanto isto em solo espanhol,Isaura dá um novo espetáculo,ao tocar sua harpa,enquanto Doña Sol canta uma música,com as seguintes letras abaixo.
-Dominique!Nique!Nique!Sempre alegre esperando,alguém que possa amar!O seu príncipe encantado,seu eterno namorado,que não cansa de esperar!Dominique tem um sonho e alguém pode realizar!Há de vir um cavalheiro que a conduza para o altar!Dominique!Nique!Nique!Sempre triste a chorar o amor que se acabou!O seu príncipe encantado!Seu eterno namorado!Que se foi e não voltou!-encerrando rapidamente a canção,sob fortes aplausos,enquanto as cortinas fecham-se sobre elas.
E assim,ao mesmo tempo do espetáculo,entre ventos fortes e pesada tempestade,o navio-presídio ou a presiganga em que Leoncio está,desta vez acompanhado de Rosa,atravessam,sob estas turbulências,em alto-mar,rumo à nação espanhola,pára efetuar a quinta recaptura desta outra história criada para outra escrava Isaura.
Furioso,Leoncio,o destino dos dois,implacavelmente decidiu,revelando a Rosa no gabinete.
-Eu já fechei o negócio!Vendi Jocelino e Maria José para outro barão,lá do Paraná!Amanhã ele virá os buscar!Separando-a dos pais é a melhor forma de castigar a petulância de Isaura,por ter evadido-se pela quinta vez da fazenda!Agora além de lutar pela própria liberdade,algo que enquanto for vivo nunca a vou dar,Isaura terá de arduamente batalhar pára poder aos pais,os reencontrar!Só assim,sob o meu jugo,com mãos-de-ferro,ela aprenderá a me respeitar!-fala o vilão,com ar ditatorial,como se fosse o "Hitler do século 19".
Até que alguém bata na porta.A mucama Ieda Neuza vai atender.É sinhá Altônia,acompanhada da irmã Adélia e da preceptora Glória.Vieram visitar a Leoncio,que prontamente avisado por Ieda comparece à sala,para certificar-se do que elas pretendem com esta visita.
-Boas-noites,sinhôritas!-as cumprimenta,levantando o chapéu,e com a outra segura o charuto.
-Boas noites senhor Leoncio!-desejam-lhe ao mesmo tempo as três.
-Que ventos trazem-nas aqui?Acaso vieram visitar-nos,a mim,a mamãe e ao papai?-indaga-lhes,Leoncio.
-Também...-retruca-lhe,Altônia.
-Sim!Se é também porque há outro motivo,decerto...-Leoncio,observa.
-Exatamente!Serei objetiva...Estamos aqui para visitá-los,mas também por outros dois motivos:primeiramente se vós mercê deixa-nos pernoitarmos em vossa fazenda,e o outro é se pode-nos fazer empréstimo de alguma mucama tua,para fazer vigilância de nossa casa,já que viajaremos à "Côrte Bahiana",para matarmos as saudades da terra e também para visitarmos o túmulo de minha genitora,sepultada em cemitério da Bahia...-explica-lhe Altônia em resposta.
-Afirmativo!Pedidos concedidos!Isto não me será difícil!Muito pelo contrário,mas queira eu a perguntar-lhes:por quanto tempo vós mercês irão ausentar-se?-aceita-lhes favorecer,e ao final,as indagar.
-Por algumas semanas...mais precisamente por três,aliás por quatro,o que equivalería a um mes...-responde-no agora Adélia.
-Sem mais delongas!Concordado!Amanhã à mesa do café,as comunicarei,quem a vossa casa vigiará!-depõe.-Por obséquio Rosa,levem-nas aos vossos aposentos!-a ordena.
-Sejam sempre muito bem-vindas e estejam sempre bem à vontade!A casa é vossa...Com licença,e que tenham boas-noites de repousos...-as deseja,sempre envolto em uma bruma de bastante educação para com elas.
-Vocês viram!Leoncio pode até ser terrível contra a escrava Isaura,mas conosco sempre comportou-se da forma mais formidável!Que educação esmerada!...-elogia-o,Glória.
-É concordável!Para Isaura ele deve ser como um demônio,mas para nós é como se fosse,e age como um anjo,e dos mais bondosos e educados!...-completa,Adélia.
As três então dormem juntas no mesmo aposento.Cada qual em uma cama no quarto de hóspedes.Até que algo estranho venha a acontecer,e a Leoncio favorecer...
Simplesmente Rosa flagra a "sinhá bastarda" perambulando pela sala,quando antes,dormindo ao lado do amante,ouviu o barulho de um vaso espatifar-se ao chão.Altônia que o esbarrou.É nesta oportunidade que chama Leoncio para observá-la.
-Se eu morresse hoje não sabería deste detalhe!Que Altônia,minha irmã bastarda,é sonâmbula!...-descobre,surpreso.-Perfeito!Isto deu-me uma idéia!Leve-a com delicadeza para o meu gabinete...-e assim,Rosa,o procede.
Ele a faz escrever uma carta sob estado de sonambulismo,ao ditá-la,para que a mesma seja destinada à sua amiga de Portugal,Adelaide,perguntando-a por escrito o paradeiro de Álvaro e Isaura,e cuja resposta guardará segredo ou sigilo absolutíssimo.
Como Altônia,a preceptora Glória e a irmã Adélia empreendem a viagem de regresso à Bahia,com fins saudosos e ou a fim de matar as saudades de vossa terra e fazer uma espécie de turismo póstumo,Leoncio empresta Rosa para tomar conta da vivenda delas na Côrte,durante a ausência das mesmas.É exatamente aí que acontece o golpe de misericórdia,resultante do plano mais-do-que-perfeito para a descoberta,já que é Rosa quem recebe a carta-resposta,advinda de Portugal e a entrega ao amante,que envolto sob uma "alegria" sombria,comemora.
-Empreender-se-à,"pôna" de minha alcôva,mais uma captura auspiciosa para com Isaura...que estará nesta gaiola como esta gata!...-e põe a felina Mirica engaiolada,após pegá-la,fazendo-a miar bastante,soltando-a em seguida.
Enquanto isto em solo espanhol,Isaura dá um novo espetáculo,ao tocar sua harpa,enquanto Doña Sol canta uma música,com as seguintes letras abaixo.
-Dominique!Nique!Nique!Sempre alegre esperando,alguém que possa amar!O seu príncipe encantado,seu eterno namorado,que não cansa de esperar!Dominique tem um sonho e alguém pode realizar!Há de vir um cavalheiro que a conduza para o altar!Dominique!Nique!Nique!Sempre triste a chorar o amor que se acabou!O seu príncipe encantado!Seu eterno namorado!Que se foi e não voltou!-encerrando rapidamente a canção,sob fortes aplausos,enquanto as cortinas fecham-se sobre elas.
E assim,ao mesmo tempo do espetáculo,entre ventos fortes e pesada tempestade,o navio-presídio ou a presiganga em que Leoncio está,desta vez acompanhado de Rosa,atravessam,sob estas turbulências,em alto-mar,rumo à nação espanhola,pára efetuar a quinta recaptura desta outra história criada para outra escrava Isaura.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
"UMA OUTRA ESCRAVA ISAURA-CAPÍTULO 34:"
Nem mesmo com o casamento de Isaura,imposto à ela,pela Justiça a favor de seu senhor escravocrata,este não decide alforriá-la.
-Só liberto-a quando a mim te entregares!-teima Leoncio a comunicá-la,mas ela resiste bravamente,claro.
Como Belchior foi comprado por Leoncio,pára na frente do juiz ser um marido de fachada,este é um jogo sórdido do crápula para castigá-la,fazendo-a esposa de um pobre homem horrendo em sua aparência,e ao mesmo tempo tentar obrigá-la a entregá-lo seu corpo.
Mas,logo,logo,acontece uma virada.Pois Álvaro e sinhá Vera confabulam um jeito de viabilizar a quinta fuga da escrava.Simplesmente sinhá Vera paga a escrava Irací para esta fazer uma poção calmante e dá-la para Leoncio e fazê-lo dormir profundamente,tanto quanto o feitor e os capatazes,após misturá-la a um insuspeitável e delicioso suco de maracujá da colina.
Porém a escrava tem um infarto no fogão e morre.
-Eu mesma farei um enterro digno para com a minha escrava!Ela passará pelos mesmos rituaís funerários dos brancos!-dita sinhá Vera,dizendo que fará isto na fazenda "Santa Elizabeth".
Leoncio consente-a,mesmo ignorando a atitude da mulher.
-Sim Isaura pode até ír,porém devidamente acompanhada e vigiada pelo meu feitor!-exige o vilão.
-Concordado!Se assim o meu marido quer assim sua esposa o fará!-aceita a sua imposição.
A mudança das circunstâncias só facilitarão os planos de Vera em conluío com Álvaro.Já na fazenda,no quarto de sua casa-grande,sinhá Vera tem a idéia,mesmo que muito absurda,geníal.
-Se vós mercê quer ficar livre daqui,terá de fugir,fingindo-se de morta,dentro do caixão!-a revela,Vera.
Isaura mesmo muito assustada,aceita.
-Eu o farei,mas o que não faria para saír daquela pressão infernal?!Mas como devo proceder,sinhá?-a indaga,Isaura.
-É simples!O corpo de Irací ficará em cima de minha cama,coberto por um lençol,trancado neste quarto,enquanto os dois escravos,o Chico e o Malafati carregam o caixão com vós mercê,como se fosse a Irací!O resto deixe por minha conta,que tudo será muito fácil...Fique tranquila!Vai dar tudo certo!...-a tranquiliza a baronesa,engenhosa.Isaura,mesmo que temerosa,mas ao mesmo tempo confiante em Deus,concorda.
Quando sinhá Vera desce as escadas à frente do caixão com Isaura-carregado pelos dois escravos,que é quem sabem de toda a ação de sua senhora,e lógico,nada falam,ela diz ao feitor Cipriano.
-Eu decidi Cipriano que não farei mais velório nenhum aqui na casa-grande,e sim velá-la na senzala,a pedido de meus escravos!-o mente,convincentemente.-Porém neste caixão de madeira nobre ela será sepultada no cemitério "Morada das Almas" ou "Santa Bárbara"...-continua a mentir.-Agora com vossa licença feitor,eu vos acompanharei!O senhor espere-me aqui,e Isaura como está com enxaqueca,decidiu não nos acompanhar!Deixe-a em meus aposentos e não vá importuná-la que ela já descerá!...-concluí,astuciosa.
Até que chegando na senzala,Isaura saí ofegante do caixão.
-A minha respiração já estava faltando!Mais um pouco estaría no Céu!...-confessa.
-Agora monte em meu cavalo e fuja Isaura que aqui está Álvaro...-e ele a aparece,pois já estava aguardando-a ansioso na senzala.
-A Irací morreu,mas eu dei outro jeito para fazer Isaura escapar,como podes verificar!Mais detalhes ela lhe contará!Agora apartai-vos daqui e não percam tempo!Felicidades para vós!-os oferece desejos auspiciosos,no que o casal beija-se,montam no cavalo e partem.
Os dois partem para a "Província de São Paulo",onde após deixar o cavalo que Vera os emprestou,na chácara de um amigo abolicionista,Silvestre,embarcam em um navio,rumo novamente à Europa,mas desta vez nao irão refugiar-se em Portugal e sim em nação espanhola.Isto mesmo.Estão destinados a pisar na Espanha,onde Álvaro poderá hospedar-se na casa do pai,que reencontrará o filho,agora casado,de coração,mesmo que a Justiça brasileira tenha vosso matrimônio extinguido ou anulado.Detalhe:Isaura encontra-se com um véu negro encobrindo-lhe o rosto que sinhá Vera a deu,para que dificultasse sua identificação.
Enquanto isso na fazenda "Santa Elizabeth",em "Campos dos Goytacazes",vendo que o caixão voltara carregado pelos escravos,o feitor não entendera nada,até que indagou e descubrira a verdade,que saíu da boca de sua própria patroa.
-A verdadeira defunta está aqui!-disse-lhe Vera,no que amostrou-lhe o corpo de Irací.-Aquela era a falsa...Isaura estava lá...Eu ajudei-a...a fugir!-revelara,corajosa.O feitor a ofendera.
-Como a baronesa é cínica!Tão mais cínica e fingida quanto uma meretriz!...-teve a audácia de xingá-la.
-Seu imundo!-deu-o um tapa.-Como ousas afrontar-me?!...Foras daqui,antes que eu lhe mate!...-o ameaçara com uma escopeta.
Ele retirou-se,enquanto ela gritara.
-Vá borra-botas desgraçado!Fuxicar para o patife de teu patrão!E diga-lhe que nem apareça aqui,porque nunca mais botarei os meus pés lá!E que esta foi a forma que encontrei para me vingar!Ajudar o passarinho da gaiola a se libertar!-bradou-lhe do alto da janela.
Leoncio soubera,ficara furiosíssimo,com o fato da própria esposa haver tramado contra ele,auxiliando na quinta e derradeira fuga da escrava,no que decidira.
-Mil vezes malditas!Ela e Isaura!Uma deixou de ser a minha esposa para tornar-se a minha adversária,e a outra não escapará de ser recapturada como uma escrava adúltera!...Ou pior:desta vez Isaura não escapará do chicote,no tronco,e de morrer na senzala!É isto mesmo:ela trabalhará duramente na lavoura como se fosse uma negra qualquer!Pois da primeira vez escapou!Da segunda escapou!Da terceira,idem!Da quarta,de novo!Mas da quinta já foi longe demais!Desta ela não escapará!-bradou furioso,no que dera uma chicotada na mesinha da sala,derrubando um vaso ao chão,quebrando-o em pedaços.
Enquanto isto,usufruíndo Álvaro e Isaura de agradabilíssima navegabilidade presente no navio rumo à Espanha,ela o confessa,envolvido pelos braços da amada,preocupada.
-Não posso disfarçar-lhe meu amado...Ó Álvaro,que o destino desta vez não permita que regressemos ao Brasil a bordo da presiganga,aquele maldito navio-presídio!Que Leoncio não nos ache,nunca mais!-despreende-se dos seus braços.-Eu rogo aos Céus!...-eleva as mãos para o Céu.
-Em nome de nossa felicidade ele não nos achará!...-Álvaro a tranquiliza,otimista,Isaura,dando-a um "beijo esperançoso".
Ao nascer-do-sol,após dias de viagem,eles desembarcam no porto espanhol.Dali partem em carruagem para a fictícia "Província Espanhola de Madrigalva",a poucos quilômetros do porto,onde residem o pai e a madrasta de Álvaro.São recebidos com festa.
-Viestes meu filho acompanhado de tanta beleza!-alegra-se com vossa presença.-Que encanto de mulher estás a te acompanhar!Seja bem-vinda "Madamoisèlle" Isaura!Minha nora amada!-a cumprimenta,sorridente,Ary,beijando-lhe a mão.
-Encantada senhor Ary!Muitíssimo obrigada!Minhas satisfações!-agradece-o também,sorrindo emocionada.
-Boas chegadas ao meu enteado e a vossa amada!Trago-lhes festas!-estoura uma garrafa de champagne a madrasta Iñes,oferecendo-lhes a bebida,surpreendendo a Isaura,por saber falar fluentemente o português.
-Nossa,que surpresa!Eu não sabia que vós mercê sabia falar tão bem o português!Confesso-me,repito,surpreendida...-a confessa,Isaura.
-Muito obrigada,Isaura!Sinto-me pelo vosso elogio,bastante lisonjeada,mas é que apesar de ser poliglota,tenho predilecção pela língua portuguesa,afinal não foi à toa que casei-me com um brasileiro,e além do mais,minha mãe,uma soprano espanhola,casara-se com meu pai,um exímio pianista de Portugal,ambos artistas e já falecidos,dos quais herdei o dom para as artes!-oferece-lhe a síntese de sua biografia de vida famíliar.-Desta forma,detenho nacionalidade dupla,sou portuguesa e ao mesmo tempo espanhola,compreendestes?!Aliás,três,pois também considero-me brasileira de coração...-a diz,pegando no peito.
-Meu Deus,que lindo!-suspira Isaura,em elogios para com ela.
-Então vosso dom vem de berço...originário de uma linda história de amor entre um pianista português e uma soprano espanhola!Se permite-me a curiosidade,como chamavam-se os vossos pais?Que Deus os tenha na eterna glória...-a indaga,suavemente curiosa,Isaura.
-Sim!Permito-lhe sim!Minha madre chamava-se Maria Helena Madrecciato de Portiz,e o meu pai,Divino Eustáquio Di Mirano,fazendo jus ao vosso nome como um dos mais magníficos pianistas de vossa pátria lusitana!-a conta.-E antes que possas perguntar-me,como já hás de saber,aliás,apeteço-me a este detalhe,Álvaro,desculpe-me a gafe,já apresentou-me a vós...-apercebe-se,Iñes,de vossa falha.
-Desculpas gentilmente concedidas,sinhora Iñes!Álvaro já havia falado-me de vossa parte,inclusive,logo no primeiro encontro em cujo qual nos conhecemos...-a revela,docilmente,Isaura.
-Sim...sim...-a ouve,Iñes,tomando champagne.
-E do que falara mais sobre mim?...-a indaga,reinvidicando maiores detalhes.
-Que vossa senhoria exerce o ofício do tablado...-responde-a.
-Sim,e o teatro é mesmo aqui...Veja-o...- e a amostra pela janela o teatro de arena que mandou construír no jardim ao lado.-É por isto que o nome de meu teatro é:"La Casa de La Actriz",ou traduzindo-se para o bom português,"A Casa da Atriz"!-a revela.-Inclusive muitos turistas transitam por aqui para ver-me representar...-a revela maiores detalhes.
-Mais-que-perfeito,impossível!Eu estou muito admirada!-elogia-lhe Isaura.
-Obrigada!À noite darei-lhes ares de minha graça!Eu estou em cartaz com o monólogo "Confissões de uma mulher amada",no qual declamo vários poemas românticos e confesso o meu amor para a estátua de gesso que a minha personagem mandou fazer do homem amado,já que na vida real não tem a coragem de declará-lo...-explica-lhes o teor do espetáculo.
-Geníal!Artísticamente geníal!Teremos o maior prazer em apreciá-lo!Ao vosso espetáculo!...-assegura-lhe Isaura.
-Sim!E é mesmo esplendoroso!Deixando as falsas modéstias de lado!E já posso adiantar-lhes que é todo em espanhol o espetáculo!Espero que admirem e possam compreendê-lo!-anuncía.
Rapidamente a tarde vira noite.Quando se ve Isaura,Álvaro,seu pai,Ary e muitos convidados estão a contemplar mais uma notável expressão de arte teatral de Doña Sol Di Luján,o pseudônimo artístico de Iñes,que expõe a sua peça de teatro em idioma espanhol.No fim é bastante aplaudida por vossa platéia.
-Bravo!Bravo!-a elogía,Isaura,aplaudindo-a entusiasmada,claramente emocionada.
-Mas também tú Isaura,estrelarás o teu espetáculo!Tragam a harpa!Eu sei que no toque deste instrumento és esmerada!Por isso,para nosso deleite,venha tocá-la!-a ordena suavemente e delicadamente,surpreendendo-a,visivelmente.
Enquanto Isaura explana também os seus dons artísticos para uma seleta platéia na Espanha,deixando-os extasiados,no Brasil Leoncio gasta abundantemente com orgias,acompanhado de prostitutas,as quais mandou trazer de Portugal,especialmente para satisfazerem-no em seus desejos libidinosos,funcionando como hóspedes sexuais,pagando-nas todos os traslados e inclusos despesas com compras e alimentação.Uma fortuna!Hospedando-nas na chácara da Côrte.Um acinte para Vera.
-Só assim posso vingar-me e Vera!...Esta intrépida degenerada!Maldita alcovitêira,por ter dado fuga à escrava!...-fala.
-E também da "Condessa Depravada",outra alcovitêira dos infernos!Agora não pago-lhe um vintém pelas suas mulheres de lupanar!Perdera um dos clientes mais assíduos e caros!...Prefiro as "pônas" portuguesas!Quem sabe assim ela aprenderá a não mais me afrontar!Ajudou a Isaura a fugir!Agora toma-te prejuízo e o meu desprezo!...-remói o seu rancor contra a esposa e a caftina de luxo,o crápula.
E ele nem imagina,que ao mesmo tempo,elas falam mal dele.
-Não arrependo-me nem um pouco!Pouco sobram-me resquícios de arrependimento!O certo sería o dizer:não sobrou um grão!Por isto tivera o maior prazer em proporcioná-la a sua quinta deserção!Aliás se me fosse possibilitado,eu até gostaria de fazer uma fuzarca em comemoração a este ato!...-confessa ao irmão,Henrique,sua satisfação em ajudar Isaura.
-Pois não sinto falta de nenhuma pataca daquele crápula!Pelo contrário!É menos um pé nefasto a dar pisada em minha casa!Deixem Leoncio desfrutar de suas "pônas" portuguesas e de outras vindas de outras províncias do país!Isto não me é de suma importância!E sim que enquanto ele saí,outros entram!Assim não faze-me falta!Como se vê a casa está cheia,e ninguém lembra-se de Leoncio Almeida!...E aliás,ainda digo-lhes mais!Eu jamais me arrependerei e até faria de novo,se o fosse absolutamente necessário:o de dar uma nova fuga à escrava!...E tive a maior satisfação,naquela ocasião,em auxiliá-la,ao dar-lhe abrigo em meu mais nobre palacete na "Província do Pará"!Repito:faria de novo,faria de novo e faria de novo!...-confessa à sua mucama "Nhá-Sí","Madamme Simone Bertolli",abanando-se ao seu leque com uma mão,e empunhando uma taça de ouro encravada com diamantes e esmeraldas com outra bebendo o vosso champagne.
Conclusão:desde o tal episódio Leoncio não comparecera mais à "Casa-Grande dos Prazeres",cortando definitivamente o vínculo-presencíal que tinha para com o estabelecimento do meretrício.
Desta forma Leoncio vai desperdiçando vultosas quantias de dinheiro do patrimônio de vosso pai,gastando principalmente com mulheres,bebidas,jogatinas e farras.Como franca consequência logo verificar-se-à o crápula completamente chafurdado na "lama de dívidas",ou seriíssimamente endividado.
-Só liberto-a quando a mim te entregares!-teima Leoncio a comunicá-la,mas ela resiste bravamente,claro.
Como Belchior foi comprado por Leoncio,pára na frente do juiz ser um marido de fachada,este é um jogo sórdido do crápula para castigá-la,fazendo-a esposa de um pobre homem horrendo em sua aparência,e ao mesmo tempo tentar obrigá-la a entregá-lo seu corpo.
Mas,logo,logo,acontece uma virada.Pois Álvaro e sinhá Vera confabulam um jeito de viabilizar a quinta fuga da escrava.Simplesmente sinhá Vera paga a escrava Irací para esta fazer uma poção calmante e dá-la para Leoncio e fazê-lo dormir profundamente,tanto quanto o feitor e os capatazes,após misturá-la a um insuspeitável e delicioso suco de maracujá da colina.
Porém a escrava tem um infarto no fogão e morre.
-Eu mesma farei um enterro digno para com a minha escrava!Ela passará pelos mesmos rituaís funerários dos brancos!-dita sinhá Vera,dizendo que fará isto na fazenda "Santa Elizabeth".
Leoncio consente-a,mesmo ignorando a atitude da mulher.
-Sim Isaura pode até ír,porém devidamente acompanhada e vigiada pelo meu feitor!-exige o vilão.
-Concordado!Se assim o meu marido quer assim sua esposa o fará!-aceita a sua imposição.
A mudança das circunstâncias só facilitarão os planos de Vera em conluío com Álvaro.Já na fazenda,no quarto de sua casa-grande,sinhá Vera tem a idéia,mesmo que muito absurda,geníal.
-Se vós mercê quer ficar livre daqui,terá de fugir,fingindo-se de morta,dentro do caixão!-a revela,Vera.
Isaura mesmo muito assustada,aceita.
-Eu o farei,mas o que não faria para saír daquela pressão infernal?!Mas como devo proceder,sinhá?-a indaga,Isaura.
-É simples!O corpo de Irací ficará em cima de minha cama,coberto por um lençol,trancado neste quarto,enquanto os dois escravos,o Chico e o Malafati carregam o caixão com vós mercê,como se fosse a Irací!O resto deixe por minha conta,que tudo será muito fácil...Fique tranquila!Vai dar tudo certo!...-a tranquiliza a baronesa,engenhosa.Isaura,mesmo que temerosa,mas ao mesmo tempo confiante em Deus,concorda.
Quando sinhá Vera desce as escadas à frente do caixão com Isaura-carregado pelos dois escravos,que é quem sabem de toda a ação de sua senhora,e lógico,nada falam,ela diz ao feitor Cipriano.
-Eu decidi Cipriano que não farei mais velório nenhum aqui na casa-grande,e sim velá-la na senzala,a pedido de meus escravos!-o mente,convincentemente.-Porém neste caixão de madeira nobre ela será sepultada no cemitério "Morada das Almas" ou "Santa Bárbara"...-continua a mentir.-Agora com vossa licença feitor,eu vos acompanharei!O senhor espere-me aqui,e Isaura como está com enxaqueca,decidiu não nos acompanhar!Deixe-a em meus aposentos e não vá importuná-la que ela já descerá!...-concluí,astuciosa.
Até que chegando na senzala,Isaura saí ofegante do caixão.
-A minha respiração já estava faltando!Mais um pouco estaría no Céu!...-confessa.
-Agora monte em meu cavalo e fuja Isaura que aqui está Álvaro...-e ele a aparece,pois já estava aguardando-a ansioso na senzala.
-A Irací morreu,mas eu dei outro jeito para fazer Isaura escapar,como podes verificar!Mais detalhes ela lhe contará!Agora apartai-vos daqui e não percam tempo!Felicidades para vós!-os oferece desejos auspiciosos,no que o casal beija-se,montam no cavalo e partem.
Os dois partem para a "Província de São Paulo",onde após deixar o cavalo que Vera os emprestou,na chácara de um amigo abolicionista,Silvestre,embarcam em um navio,rumo novamente à Europa,mas desta vez nao irão refugiar-se em Portugal e sim em nação espanhola.Isto mesmo.Estão destinados a pisar na Espanha,onde Álvaro poderá hospedar-se na casa do pai,que reencontrará o filho,agora casado,de coração,mesmo que a Justiça brasileira tenha vosso matrimônio extinguido ou anulado.Detalhe:Isaura encontra-se com um véu negro encobrindo-lhe o rosto que sinhá Vera a deu,para que dificultasse sua identificação.
Enquanto isso na fazenda "Santa Elizabeth",em "Campos dos Goytacazes",vendo que o caixão voltara carregado pelos escravos,o feitor não entendera nada,até que indagou e descubrira a verdade,que saíu da boca de sua própria patroa.
-A verdadeira defunta está aqui!-disse-lhe Vera,no que amostrou-lhe o corpo de Irací.-Aquela era a falsa...Isaura estava lá...Eu ajudei-a...a fugir!-revelara,corajosa.O feitor a ofendera.
-Como a baronesa é cínica!Tão mais cínica e fingida quanto uma meretriz!...-teve a audácia de xingá-la.
-Seu imundo!-deu-o um tapa.-Como ousas afrontar-me?!...Foras daqui,antes que eu lhe mate!...-o ameaçara com uma escopeta.
Ele retirou-se,enquanto ela gritara.
-Vá borra-botas desgraçado!Fuxicar para o patife de teu patrão!E diga-lhe que nem apareça aqui,porque nunca mais botarei os meus pés lá!E que esta foi a forma que encontrei para me vingar!Ajudar o passarinho da gaiola a se libertar!-bradou-lhe do alto da janela.
Leoncio soubera,ficara furiosíssimo,com o fato da própria esposa haver tramado contra ele,auxiliando na quinta e derradeira fuga da escrava,no que decidira.
-Mil vezes malditas!Ela e Isaura!Uma deixou de ser a minha esposa para tornar-se a minha adversária,e a outra não escapará de ser recapturada como uma escrava adúltera!...Ou pior:desta vez Isaura não escapará do chicote,no tronco,e de morrer na senzala!É isto mesmo:ela trabalhará duramente na lavoura como se fosse uma negra qualquer!Pois da primeira vez escapou!Da segunda escapou!Da terceira,idem!Da quarta,de novo!Mas da quinta já foi longe demais!Desta ela não escapará!-bradou furioso,no que dera uma chicotada na mesinha da sala,derrubando um vaso ao chão,quebrando-o em pedaços.
Enquanto isto,usufruíndo Álvaro e Isaura de agradabilíssima navegabilidade presente no navio rumo à Espanha,ela o confessa,envolvido pelos braços da amada,preocupada.
-Não posso disfarçar-lhe meu amado...Ó Álvaro,que o destino desta vez não permita que regressemos ao Brasil a bordo da presiganga,aquele maldito navio-presídio!Que Leoncio não nos ache,nunca mais!-despreende-se dos seus braços.-Eu rogo aos Céus!...-eleva as mãos para o Céu.
-Em nome de nossa felicidade ele não nos achará!...-Álvaro a tranquiliza,otimista,Isaura,dando-a um "beijo esperançoso".
Ao nascer-do-sol,após dias de viagem,eles desembarcam no porto espanhol.Dali partem em carruagem para a fictícia "Província Espanhola de Madrigalva",a poucos quilômetros do porto,onde residem o pai e a madrasta de Álvaro.São recebidos com festa.
-Viestes meu filho acompanhado de tanta beleza!-alegra-se com vossa presença.-Que encanto de mulher estás a te acompanhar!Seja bem-vinda "Madamoisèlle" Isaura!Minha nora amada!-a cumprimenta,sorridente,Ary,beijando-lhe a mão.
-Encantada senhor Ary!Muitíssimo obrigada!Minhas satisfações!-agradece-o também,sorrindo emocionada.
-Boas chegadas ao meu enteado e a vossa amada!Trago-lhes festas!-estoura uma garrafa de champagne a madrasta Iñes,oferecendo-lhes a bebida,surpreendendo a Isaura,por saber falar fluentemente o português.
-Nossa,que surpresa!Eu não sabia que vós mercê sabia falar tão bem o português!Confesso-me,repito,surpreendida...-a confessa,Isaura.
-Muito obrigada,Isaura!Sinto-me pelo vosso elogio,bastante lisonjeada,mas é que apesar de ser poliglota,tenho predilecção pela língua portuguesa,afinal não foi à toa que casei-me com um brasileiro,e além do mais,minha mãe,uma soprano espanhola,casara-se com meu pai,um exímio pianista de Portugal,ambos artistas e já falecidos,dos quais herdei o dom para as artes!-oferece-lhe a síntese de sua biografia de vida famíliar.-Desta forma,detenho nacionalidade dupla,sou portuguesa e ao mesmo tempo espanhola,compreendestes?!Aliás,três,pois também considero-me brasileira de coração...-a diz,pegando no peito.
-Meu Deus,que lindo!-suspira Isaura,em elogios para com ela.
-Então vosso dom vem de berço...originário de uma linda história de amor entre um pianista português e uma soprano espanhola!Se permite-me a curiosidade,como chamavam-se os vossos pais?Que Deus os tenha na eterna glória...-a indaga,suavemente curiosa,Isaura.
-Sim!Permito-lhe sim!Minha madre chamava-se Maria Helena Madrecciato de Portiz,e o meu pai,Divino Eustáquio Di Mirano,fazendo jus ao vosso nome como um dos mais magníficos pianistas de vossa pátria lusitana!-a conta.-E antes que possas perguntar-me,como já hás de saber,aliás,apeteço-me a este detalhe,Álvaro,desculpe-me a gafe,já apresentou-me a vós...-apercebe-se,Iñes,de vossa falha.
-Desculpas gentilmente concedidas,sinhora Iñes!Álvaro já havia falado-me de vossa parte,inclusive,logo no primeiro encontro em cujo qual nos conhecemos...-a revela,docilmente,Isaura.
-Sim...sim...-a ouve,Iñes,tomando champagne.
-E do que falara mais sobre mim?...-a indaga,reinvidicando maiores detalhes.
-Que vossa senhoria exerce o ofício do tablado...-responde-a.
-Sim,e o teatro é mesmo aqui...Veja-o...- e a amostra pela janela o teatro de arena que mandou construír no jardim ao lado.-É por isto que o nome de meu teatro é:"La Casa de La Actriz",ou traduzindo-se para o bom português,"A Casa da Atriz"!-a revela.-Inclusive muitos turistas transitam por aqui para ver-me representar...-a revela maiores detalhes.
-Mais-que-perfeito,impossível!Eu estou muito admirada!-elogia-lhe Isaura.
-Obrigada!À noite darei-lhes ares de minha graça!Eu estou em cartaz com o monólogo "Confissões de uma mulher amada",no qual declamo vários poemas românticos e confesso o meu amor para a estátua de gesso que a minha personagem mandou fazer do homem amado,já que na vida real não tem a coragem de declará-lo...-explica-lhes o teor do espetáculo.
-Geníal!Artísticamente geníal!Teremos o maior prazer em apreciá-lo!Ao vosso espetáculo!...-assegura-lhe Isaura.
-Sim!E é mesmo esplendoroso!Deixando as falsas modéstias de lado!E já posso adiantar-lhes que é todo em espanhol o espetáculo!Espero que admirem e possam compreendê-lo!-anuncía.
Rapidamente a tarde vira noite.Quando se ve Isaura,Álvaro,seu pai,Ary e muitos convidados estão a contemplar mais uma notável expressão de arte teatral de Doña Sol Di Luján,o pseudônimo artístico de Iñes,que expõe a sua peça de teatro em idioma espanhol.No fim é bastante aplaudida por vossa platéia.
-Bravo!Bravo!-a elogía,Isaura,aplaudindo-a entusiasmada,claramente emocionada.
-Mas também tú Isaura,estrelarás o teu espetáculo!Tragam a harpa!Eu sei que no toque deste instrumento és esmerada!Por isso,para nosso deleite,venha tocá-la!-a ordena suavemente e delicadamente,surpreendendo-a,visivelmente.
Enquanto Isaura explana também os seus dons artísticos para uma seleta platéia na Espanha,deixando-os extasiados,no Brasil Leoncio gasta abundantemente com orgias,acompanhado de prostitutas,as quais mandou trazer de Portugal,especialmente para satisfazerem-no em seus desejos libidinosos,funcionando como hóspedes sexuais,pagando-nas todos os traslados e inclusos despesas com compras e alimentação.Uma fortuna!Hospedando-nas na chácara da Côrte.Um acinte para Vera.
-Só assim posso vingar-me e Vera!...Esta intrépida degenerada!Maldita alcovitêira,por ter dado fuga à escrava!...-fala.
-E também da "Condessa Depravada",outra alcovitêira dos infernos!Agora não pago-lhe um vintém pelas suas mulheres de lupanar!Perdera um dos clientes mais assíduos e caros!...Prefiro as "pônas" portuguesas!Quem sabe assim ela aprenderá a não mais me afrontar!Ajudou a Isaura a fugir!Agora toma-te prejuízo e o meu desprezo!...-remói o seu rancor contra a esposa e a caftina de luxo,o crápula.
E ele nem imagina,que ao mesmo tempo,elas falam mal dele.
-Não arrependo-me nem um pouco!Pouco sobram-me resquícios de arrependimento!O certo sería o dizer:não sobrou um grão!Por isto tivera o maior prazer em proporcioná-la a sua quinta deserção!Aliás se me fosse possibilitado,eu até gostaria de fazer uma fuzarca em comemoração a este ato!...-confessa ao irmão,Henrique,sua satisfação em ajudar Isaura.
-Pois não sinto falta de nenhuma pataca daquele crápula!Pelo contrário!É menos um pé nefasto a dar pisada em minha casa!Deixem Leoncio desfrutar de suas "pônas" portuguesas e de outras vindas de outras províncias do país!Isto não me é de suma importância!E sim que enquanto ele saí,outros entram!Assim não faze-me falta!Como se vê a casa está cheia,e ninguém lembra-se de Leoncio Almeida!...E aliás,ainda digo-lhes mais!Eu jamais me arrependerei e até faria de novo,se o fosse absolutamente necessário:o de dar uma nova fuga à escrava!...E tive a maior satisfação,naquela ocasião,em auxiliá-la,ao dar-lhe abrigo em meu mais nobre palacete na "Província do Pará"!Repito:faria de novo,faria de novo e faria de novo!...-confessa à sua mucama "Nhá-Sí","Madamme Simone Bertolli",abanando-se ao seu leque com uma mão,e empunhando uma taça de ouro encravada com diamantes e esmeraldas com outra bebendo o vosso champagne.
Conclusão:desde o tal episódio Leoncio não comparecera mais à "Casa-Grande dos Prazeres",cortando definitivamente o vínculo-presencíal que tinha para com o estabelecimento do meretrício.
Desta forma Leoncio vai desperdiçando vultosas quantias de dinheiro do patrimônio de vosso pai,gastando principalmente com mulheres,bebidas,jogatinas e farras.Como franca consequência logo verificar-se-à o crápula completamente chafurdado na "lama de dívidas",ou seriíssimamente endividado.
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